O que as coisas não são
Eu ouço coisas
e as coisas que eu ouço
não são mais.
Eu vejo coisas
e as coisas que eu vejo
não sei o que são.
Eu penso coisas
e as coisas que eu penso
eu sei que nunca foram.
Eu sonho coisas
e as coisas que eu sonho
suponho que nunca serão.
Nem as coisas, nem as pessoas,
nem as coisas ruins, nem as boas,
tudo o que eu quero e amo eu sei
que não sei se sei que não são.
Era um dia o que as coisas eram.
Era uma vez as coisas
que inventavam ser.
E fingiam quando não podiam
ser aquilo tudo que não eram.
Nem dores, muito menos amores,
nem flores, nem os temores vieram.
Agora o dia se foi com as flores,
com as coisas e suas dores,
com os temores que sempre vem
e com os amores que sempre vão.
Eu imagino coisas
e as coisas todas que imagino
imagino que nunca inventarão.
Eu sinto coisas
e as coisas que eu sinto
eu sinto que sempre doerão.
Eu evito coisas
e as coisas que eu evito
inevitavelmente voltarão.
Você uma vez me olhou
e quando me olhou
foi quando eu vivi.
Outro dia virou-me as costas,
foi quando me tirou a luz, o sopro,
alguma essência e então eu morri.
Depois matou-me as lembranças
a ilusão daqueles sorrisos tão tolos,
varreu do mundo toda minha esperança,
sem saber que um pouco de esperança
é quase sempre uma recaída.
Algo em mim me disse “levanta e anda”,
Mas algo em você me disse, no entanto,
“que se arraste mas se afaste de mim”
Eu aprendi a distância
e dentro dela todo o silêncio
e à espera delas essa solidão.
Depois tudo foi como se não fosse
e deixou de ser como se nunca tivesse sido.
Eu junto coisas
e as coisas que junto
espalho pelo mundo.
Eu recolho coisas
e as coisas que recolho
eu espalho também.
Juntando você e eu
decerto não dá ninguém.
Não dá uma vida, nem o sonho dela.
Não dá um amor, nem a vontade dele.
Não dá nada próximo disso ou daquilo,
nem do que quer que seja se for.
Eu perco coisas
e as coisas que eu perco eu não quero.
Ganho com isso a nítida impressão
de nunca as haver tido.
Eu me desfaço das coisas
e as coisas de que me desfaço
me fazem me desfazer de mim.
Depois tudo é coisa nova
assim como coisa nunca antes havida.
Tudo começa de novo
de um vazio mais que necessário.
Então eu desconheço coisas
e as coisas que desconheço
não são mais minhas.
E tudo assim,
não sendo coisa minha
não é mais coisa que seja eu...
Eu ouço coisas
e as coisas que eu ouço
não são mais.
Eu vejo coisas
e as coisas que eu vejo
não sei o que são.
Eu penso coisas
e as coisas que eu penso
eu sei que nunca foram.
Eu sonho coisas
e as coisas que eu sonho
suponho que nunca serão.
Nem as coisas, nem as pessoas,
nem as coisas ruins, nem as boas,
tudo o que eu quero e amo eu sei
que não sei se sei que não são.
Era um dia o que as coisas eram.
Era uma vez as coisas
que inventavam ser.
E fingiam quando não podiam
ser aquilo tudo que não eram.
Nem dores, muito menos amores,
nem flores, nem os temores vieram.
Agora o dia se foi com as flores,
com as coisas e suas dores,
com os temores que sempre vem
e com os amores que sempre vão.
Eu imagino coisas
e as coisas todas que imagino
imagino que nunca inventarão.
Eu sinto coisas
e as coisas que eu sinto
eu sinto que sempre doerão.
Eu evito coisas
e as coisas que eu evito
inevitavelmente voltarão.
Você uma vez me olhou
e quando me olhou
foi quando eu vivi.
Outro dia virou-me as costas,
foi quando me tirou a luz, o sopro,
alguma essência e então eu morri.
Depois matou-me as lembranças
a ilusão daqueles sorrisos tão tolos,
varreu do mundo toda minha esperança,
sem saber que um pouco de esperança
é quase sempre uma recaída.
Algo em mim me disse “levanta e anda”,
Mas algo em você me disse, no entanto,
“que se arraste mas se afaste de mim”
Eu aprendi a distância
e dentro dela todo o silêncio
e à espera delas essa solidão.
Depois tudo foi como se não fosse
e deixou de ser como se nunca tivesse sido.
Eu junto coisas
e as coisas que junto
espalho pelo mundo.
Eu recolho coisas
e as coisas que recolho
eu espalho também.
Juntando você e eu
decerto não dá ninguém.
Não dá uma vida, nem o sonho dela.
Não dá um amor, nem a vontade dele.
Não dá nada próximo disso ou daquilo,
nem do que quer que seja se for.
Eu perco coisas
e as coisas que eu perco eu não quero.
Ganho com isso a nítida impressão
de nunca as haver tido.
Eu me desfaço das coisas
e as coisas de que me desfaço
me fazem me desfazer de mim.
Depois tudo é coisa nova
assim como coisa nunca antes havida.
Tudo começa de novo
de um vazio mais que necessário.
Então eu desconheço coisas
e as coisas que desconheço
não são mais minhas.
E tudo assim,
não sendo coisa minha
não é mais coisa que seja eu...