Nem deuses nem homens
 
Os deuses são imortais porque não existem,
Não se pensam; por isso são eternos.
Existir é ter os dias contados, a vida medida.
É estar entre a dor inevitável de nascer
E o medo terrível de morrer.
E tudo, que não é tudo, passará a ser nada,
Nada mais que nada do nada que deve ser.
 
Erramos pela vida carregando todas as dúvidas.
Herdamos as perguntas que nunca nos fizemos.   
Fugimos apenas. Fugimos do tempo que nos devora,
Que nos diz que não somos nem deuses nem homens,
Talvez sejamos o sonho impossível de algum deles.
 
Tudo que nasce, morre. Tudo que sangra, sofre.
O sorriso, todo sorriso, qualquer sorriso, vira ruga.
A vontade esmorece, o corpo padece, a mente esquece,
O amor, tão belo e tão forte, uma idéia tola, esquecida,
O pensamento sobre a vida não vem a ser a própria vida,
Aquela vontade, outrora presente, agora anda perdida...
 
O sentido da vida é ela mesma não fazer nenhum sentido
Cultivamos sonhos e apodrecemos toda essa realidade,
Plantamos tanto essas palavras, mas não colhemos poesia.
Enlouquecemos à noite e vivemos a temer todos os dias.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 03/06/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4323525
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.