Pai
Eu que já bati no peito e bradei fortalezas
Hoje acordei inundado de saudades suas
Como um menino longe do seu brinquedo favorito
Lamentei baixinho a tua ausência definitiva
E agradeci a solidão que me cercava
Quando uma lágrima desobediente teimou
Em dar às caras
Lembrei do seu riso no meu quarto de infância
Quando eu deixava a minha cama nua,
e sem cerimônias
ia habitar a sua em algazarras sem fim
Numa profusão de pernas e braços
Irmãos, pai, família...
Laços de abraços, brincadeira de existir, de pertencer
Lá na cozinha barulhos de vida, era ela, a rainha
E eu com o rei...! cercado por um príncipe e uma princesa
na segura fortaleza de um lar.