O VÔO DA LIBÉLULA
Libélula ligeira, Minha Alma Imortal
voa, sob a tênue claridade do alvorecer,
vou ao teu encontro, sem descanso, até te alcançar,
no alto da montanha, ou à beira mar...
no ninho dos teus braços espero adormecer.
O Universo conspira a meu favor,
e o meu coração prenhe de alegria,
de puro encantamento, enche minhas retinas
com a visão do teu rosto,
Meu Guerreiro, Meu Amor.
Não, não choro, minhas mãos não estão vazias.
Trago rosas, trago cravos, açucenas e jasmins,
numa guirlanda festiva para a soleira da tua porta enfeitar.
O AMOR dá sentido a minha vida, pois a morte se avizinha,
E a minha espada descansa no nicho sagrado, nave de catedral,
por onde agora vou, ao teu encontro, AMOR da minha vida!
Não teimo em te seguir, sou tua sombra.
Não ouso te amar, sou o AMOR que te segue, sem descansar,
além da montanha, da floresta, correndo com os lobos,
de mãos dadas com a vida e a morte, pois não tenho por que viver
sem ti... apenas sobrevivo, muito além do que imaginas!
Não teimo em te escutar, sou o eco da tua voz que se espalha pelo Vale.
Sou a fechadura e a chave do teu coração.
Não imaginas o que, e o quanto posso ser, por ti!
Sou o vento, não voes contra mim, te trago de volta.
Não teimo em te querer, quero-te, é por isso que estou aqui.
Não apago lembranças sagradas, queimo incenso a elas,
mas não me afastarei de ti,
mesmo tendo que enfrentar a fúria do Etna!
Não teimo em te escutar, ouço apenas uma suave melodia
transvestida de lamento, de dor, de recusa em acordar!
E tu, como ousas desvendar-me os codinomes, um após o outro?
És vidente, bruxo, mago, o que és? Diz-me, por favor!
Se sou doce e sou selvagem, brisa e flor,
onde então poderia estar senão na montanha?
Onde mais poderia soprar, sendo brisa?
O que mais poderia enfeitar, sendo flor?
Me diz, Anan Cara... me diz.
Não há magoas em mim, nem poderia.
Aqui, nessa colcha de cicatrizes que habita meu peito
só há lugar para dois sentimentos...
e se escolhes ser meu AMIGO, se resolves ser meu AMOR,
descobrirás que não sou forte nem fraca,
nem brisa, nem flor.
Selvagem? Nem de longe!
Doce? É somente um sabor!
Sou bálsamo, sou incenso, sou mirra,
aceito sim tua vida, teu silêncio,
por que te aceito, de qualquer jeito, Meu Amor!