Por causa de uma janela...
Abri devagar,
pois temia seus efeitos sobre mim.
Mas abri.
E qual não foi minha surpresa,
ao constatar que tua força,
não queimava minha pele,
nem machucava minha vista,
mas vinhas apenas como uma suave luz,
cuidadosa, de modo a não queimar,
mas aquecer, acarinhar, enternecer.
Então abri e me deliciei,
aqueci a pele, senti o toque e o som inaudível
do prazer, do bem querer.
Me tocavas cuidadoso, intenso mas
ao mesmo tempo terno.
Teu amor por completo era dado,
e eu o recebia sem cuidado,
pois via e sentia
que em mim todo este teu amor se refletia.
Palavras de aconchego eram proferidas,
promessas nem eram preciso ser feitas,
pois tudo o que sentimos era vivido,
e as inseguranças, todas desfeitas.
As horas se passaram e o sol desceu.
Desceu mas não deixou de em nós incidir.
Continuamos a sentir seu calor,
continuamos a sentir nosso amor.
A noite chegou e com ela nossa despedida,
mas não nossa separação,
pois onde quer que estejas
estais comigo,
e onde quer que eu esteja,
estou contigo.