Das verdades...
Como deve ser terrivelmente chato,cansativo,frustrante e triste viver fingindo ser o que não é, policiando cada olhar, gesto e palavra para camuflar o jeito natural de ser...
Como deve ser difícil, cansativo e estressante manter um personagem por tempo integral para manter uma mentira inventada e contada pra si mesmo e para o outro...
Como deve ser cruel ficar fingindo amor por alguém, quando na realidade o que se sente é amizade, somente por saber que a outra pessoa nos ama e é presa fácil do romantismo...
Como deve ser triste abraçar, beijar, escrever poesias e fazer declarações de amor romântico a alguém de quem somente se quer a mais pura e fraternal amizade...
Como deve ser triste a vida e o coração de quem inventou uma vida de mentira pra si mesmo e para os outros e que acredita mesmo ser esta mentira a verdade da sua vida...
E o que poderia eu sentir por uma pessoa assim, que não fosse uma imensa e dolorosa compaixão?
Não há culpados nessa história...
Tu fizeste o que sabias fazer... fingiste ser o que não eras...sentir o que não sentias...
Eu fiz o que sabia fazer...acreditei no personagem que criaste...senti de verdade e demonstrei com toda verdade o que senti...
Sei que me amaste...amaste a amiga que fui...e tentaste amar a mulher que sou...tentaste...
Sei que te amei...amei o personagem que criaste...amei o homem que fingiste ser...amei...
E vou passar o resto dos meus dias (toda vez que o pensamento, a emoção e a saudade,trouxer essa história de volta) tentando imaginar como teria sido esta história se a mentira e o fingimento não tivessem sido os elementos determinantes do seu início, meio e fim.
Morro do Chapéu, 30 de maio de 2013.