Sonhos, devaneios, divagações
Palavras vão e vêm, surgem do nada e desaparecem, às vezes, invisíveis se escondem, por exemplo, na cartola de um mágico. E aí... Ou no bolso do casaco preto daquele senhor, no quarto trancado a sete chaves no final do corredor daquela casa mal assombrada, nas copas das árvores, além das estrelas, no buraco negro entre as Galáxias, na- quele imenso ponto de interrogação, no assobio aflito do vento, nas Sandálias do Pescador, no tesouro bem escondido de Ali-Baba, entre Buda e Peste, nas Mil e Uma Noites, nas Portas de Ferro da Transilvânia, nos pensamentos de crianças, jovens e adultos, que viajam por lugares inimagináveis, voláteis ou marcantes, e, se pudessem, encheriam páginas e mais páginas em branco de palavras doces, amargas, desabafos, revelações, promessas de amor e muitas outras mais.
Palavras formam frases, períodos, textos, como os a seguir:
_ Olá! Olá ah! Tem alguém aí? Puxa, há quase meia hora estou aguardando respostas aos meus apelos e não as encontro.
Adentro o recinto supostamente abandonado. Será que não há ninguém no mundo que possa me ouvir? Onde estão todos? Estava já há algum tempo dialogando com o nada e respostas não chegam até a mim. A sensação de nascer e morrer, só, vem à tona, me deixa cabisbaixa, refletindo sobre a incerteza de tudo ao meu redor e sobre a pequenez e fragilidade do ser humano. E foi pensando nas páginas em branco que teria mais tarde diante de mim, que levanto a cabeça e abandono o recinto. Lá fora o sol despeja seus raios sobre o planeta.