O Ermitão

Não existe mais espaço para suportar a insensatez humana.

Talvez nunca tenha havido... e essa é a razão

para uma vida desgarrada e livre nas montanhas isoladas,

sem desculpas convenientes, sem necessidades rotulantes.

Não ser preciso dizer ou fazer qualquer coisa que não seja verdade,

verdade tão simples e pura, tão transparente como o ar que atravessa o vale.

Longe de fingidas desculpas e elucubrações massificantes dos seres mundanos.

Não resta mais espaço para suportar a extrema urgência de fugir

e viver a grandiosa experiência de apenas existir.

...

Em algum lugar, acima do grosso manto de nuvens

a lua torna o céu menos escuro e mais suave as sombras à sua volta.

Nada tem de fatasmagóricas suas lembranças.

Nenhum vestígio dos primitivos anseios e desejos. Sente algo indefinível no escuro.

A mente livre de tensão absorve a atmosfera absolutamente pacífica,

preenchendo o vazio sensorial a que se impusera.

Vive dentro de si, distanciado dos apelos humanos.

Apenas o uivar dos coiotes e dos lobos famintos rompem o silêncio da noite, ressoando no vazio do peito como música ardente e redentora.

Chora silenciosamente nesse encontro com a natureza,

ao perceber a total ausência do horror visceral que então o compelia à solidão.

Desfez-se o laço que o prendia às emoções obsessivas.

Sua alma repousa livre no peito nu e o corpo pode então vagar em Paz.

Aziul
Enviado por Aziul em 27/05/2013
Reeditado em 20/07/2015
Código do texto: T4312573
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