CURRUPIÃO

Não me importo de ser espalhafatoso, nem me importo de ter denunciada minha presença pela beleza de minha indumentária, amarela como o ouro, negra como a noite e um pouco de branco da paz, um pouco porque sou de índole má, beligerante, perigoso, mas, amado pelos meus pares.

Tenho inimigos que nem deveriam ser, pois são inofensivos diante da minha fúria. Em meus hábitos alimentares só insetos e artrópodes, frutas e ovos de pássaros.

Ah! Invadir meu território quase sempre resulta na morte do invasor. Uso cactus como alicerce da minha morada, protegida por espinhos, muitos espinhos.

Namorar é outro hábito que tenho, é minha natureza de macho, e não me importo que todos os habitantes da mata ouçam meu canto, nem as respostas da amada da vez, sim, porque são muitas, cada uma a seu tempo!

Agora já me conhece. O teu domínio sobre todas as criaturas é lei Divina, com pesar me sujeito. O meu orgulho e a minha fúria nada são diante do teu poder...

Na mata sou Átila, contigo seria um enfeite, traído por minha fama, beleza e valentia.

Um reles turpial a envelhecer cativo. Já não seria o “Currupião da Morte”...

Paulo de Tarso
Enviado por Paulo de Tarso em 29/03/2007
Reeditado em 12/08/2007
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