Precisavas Brilhar
E quantas vezes me fiz sombra tentando deixar-te brilhar.
Apaguei o sorriso, escondi as estrelas, cerrei as
portas dos sonhos, o lumiar do último farol.
Precisavas brilhar.
E pensar que te entreguei a primavera no auge - perfumada, colorida, apaixonante para em silêncio
habitar o ocaso do outono.
À revelia impedi o abrir das janelas, deixei-para
ti o ar, a luz, o calor, a vida.
Precisavas brilhar.
Mas, não entendias nada de vida, de paixão, de
amor, de abraços cálidos, de beijos molhados.
Teu amor mal passou da retina - limitado,
sufocante, alegoria perfeita para o reinado de
Momo, dias cinzas viriam somar-se às quartas-feiras
da mesma cor.
Ainda assim tirei da caixinha dos sonhos um ramalhete
de estrelas, entreguei-te sem pensar.
Precisavas brilhar.
Vesti a alma de luto - vulto opaco, olhar distante,
face pálida, sonhos arquivados nos amanhãs que
jamais veríamos de mãos dadas.
O amor teceu laços, embaraços, nós.
Não era amor!
A pálida chama da ilusão arrastou-se por anos.
Muitas luas experimentei dias despidos de vida,
a alma entorpecida, o coração dilacerado.
Precisavas brilhar.
Quanto entendi que somente minha ausência realizaria
este este insano desejo abri todas as comportas as águas materiais por irrelevantes..
Esvaziada da mesmice apaguei as luzes do roto palco.
Sai pela porta dos fundos sem dizer uma palavra carregando apenas o essencial, a Paz.
Ana Stoppa
E quantas vezes me fiz sombra tentando deixar-te brilhar.
Apaguei o sorriso, escondi as estrelas, cerrei as
portas dos sonhos, o lumiar do último farol.
Precisavas brilhar.
E pensar que te entreguei a primavera no auge - perfumada, colorida, apaixonante para em silêncio
habitar o ocaso do outono.
À revelia impedi o abrir das janelas, deixei-para
ti o ar, a luz, o calor, a vida.
Precisavas brilhar.
Mas, não entendias nada de vida, de paixão, de
amor, de abraços cálidos, de beijos molhados.
Teu amor mal passou da retina - limitado,
sufocante, alegoria perfeita para o reinado de
Momo, dias cinzas viriam somar-se às quartas-feiras
da mesma cor.
Ainda assim tirei da caixinha dos sonhos um ramalhete
de estrelas, entreguei-te sem pensar.
Precisavas brilhar.
Vesti a alma de luto - vulto opaco, olhar distante,
face pálida, sonhos arquivados nos amanhãs que
jamais veríamos de mãos dadas.
O amor teceu laços, embaraços, nós.
Não era amor!
A pálida chama da ilusão arrastou-se por anos.
Muitas luas experimentei dias despidos de vida,
a alma entorpecida, o coração dilacerado.
Precisavas brilhar.
Quanto entendi que somente minha ausência realizaria
este este insano desejo abri todas as comportas as águas materiais por irrelevantes..
Esvaziada da mesmice apaguei as luzes do roto palco.
Sai pela porta dos fundos sem dizer uma palavra carregando apenas o essencial, a Paz.
Ana Stoppa