Quando não se hidratam os corações

O vento seco sopra repleto de barulhos infinitos.

O silêncio é árido como um deserto, difícil demais de se atravessar sozinho.

Marcas sutis se advinham das pegadas de passos idos.

É ali por onde caminha a intenção de ir mais além.

Lembranças se encrespam em redemoinhos de mistérios e coisas mal resolvidas.

É tudo uma espécie de metamorfose ao contrário.

A borboleta volta de rastos ao casulo e a liberdade é apenas a quimera fugidia de um dia que nunca amanheceu.

No peito oprimido há espaços repletos de vazios no lugar onde era o faz de conta a ocupar.

No tempo estagnado tudo é rastro de dor e poesia.

Vira-se as páginas de um livro e se desenha um tanto quanto desolado, o gesto de ir.

É capaz que seja para sempre.