Queria sentar com Drummond,
lá no banco da praça.
Ficaríamos cúmplices a falar,
a ler poesias em companhia,
ou simplesmente juntos calar.
Dia e noite.
Noite e dia.
Sem se importar com o clarear,
se os casais vão ou não voltar,
depois de se enamorar.
Mas infelizmente por ironia,
não sou a parceira ideal,
do poeta e nem de alguém.
Sou aquela que ouve "causos"
e morre um pedaço caso
não os entalhe na madeira
do banco.
A mesma que não se ilude,
achando que o sol brilhará
e que alguém se sentará do
meu lado, nesse que poderia
ser barco.
Para dizer onde andou
e porque nem ouviu.
Apenas me ignorou
mesmo depois
de tantas poesias
e que por mim não voltou.
Aliás, tem dias nublados
como hoje, como ontem,
como amanhã e depois,
que eu não gostaria de
ser nem poeta,
nem mulher,
tampouco menina.
Eu gostaria de ser na verdade:
Incólume banco da praça,
com alguém lendo o livro:
Amor Natural de Drummond.

 

Railda
Enviado por Railda em 18/05/2013
Reeditado em 06/11/2016
Código do texto: T4297220
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