Versos em Branco
Versos em branco. Gostaria de ter batizado este texto de "versos brancos", mas aí todo mundo ia confundir com aquela outra coisa. Mesmo eu escrevendo este "Versos em Branco" em versos brancos, não era essa exatamente a minha intenção quando me propus a escrever estes versos. Ah porcaria! Vamos de prosa então e chega de introdução! Versos em branco são versos sobre a cor branca, sobre o que tem sido o branco em minha vida.
Desde que me lembro por gente, preto sempre foi minha cor favorita. Uma não-cor repleta de significados místicos e espirituais. A cor do mal. A cor do demônio. A cor da sabedoria, do soturno, do solitário e toda aquela porcaria roqueira. Pra falar a verdade, preto talvez ainda seja minha cor (ou não-cor, se preferir) favorita. Mas então vieram aqueles sonhos (já narrados neste site). Sonhos vindos não se sabe de onde, e nem de quando. Não mandaram carta antes avisando. Simplesmente chegaram aos montes. Um êxodo cromático do qual eu era a vítima. E feliz vítima! Meus sonhos, antes dominados pelo negro, pelo escuro, pela falta de saturação agora se tornaram imensos desertos de branco. O branco glacial, o branco angelical. Me apaixonei. Que podia eu fazer? Me arrebataram com violência e eu acabei cedendo. Belo branco! Branco belo!
Comecei aplicando o branco em pequenas coisas do meu dia-a-dia: uma camiseta aqui, um tênis ali. Quando dei por mim estava desejando pintar meus instrumentos musicais de branco, comprar um carro branco, uma moto branca. Queria eu que o o mundo todo fosse completamente branco!
Por muito tempo preto e branco, as duas não-cores brigaram pela dominação do ser eu. Hoje acredito estar num cessar fogo ou em paz, não tenho muita certeza. Branco e preto. Preto e branco. Este sou eu. Uma não-cor. Um sem-vida. Um sem-cor. Um sem-alegria-sem-cor-sem-vontade-de-viver. E me sinto feliz com isso.