A seca que maltrata
Nos largos campos do sertão,
vastidão, secura, silêncio e tristeza,
é o que está encravado em seu quinhão.
A lágrima seca do sertanejo,
quando caída não chega ao chão.
Seu silêncio cabisbaixo reflete,
a dor que corta seu coração.
Tem seus sonhos enterrados,
mas seus bichos não enterra não.
Tem suas esperanças ressequidas
como o solo do sertão.
Tem suas ideias perturbadas,
não vê saída não.
Olha o céu, pede a chuva,
de onde vem o seu pão.
Olha o filho, olha a filha,
não tem o que lhes dizer não.
Promessas vãs não lhe ocupam
a mente, nem o coração.
A canção do sertanejo é triste,
mas dela ele precisa também.
Pois até mesmo a estiagem
com toda dor que ela traz,
precisa ser cantada em verso,
e declamada como lhe apraz.