O Bárbaro

Pensei poder tocar teu coração mas incendiado de dor ficara o meu

Inconformada com tua maldição, aos céus clamei por ti

Mas tente transformar um demônio, e dois demônios serão

És pedra. Lápide que jaz corpos sem vida

Coração vazio que a alma vaga por terras secas

Desejos insaciáveis e loucuras a deleitar-se em leviandades

Mas amei! Tudo que és! Na crueza de teu ser enveredei me

E tu me sugastes criatura da noite

De minha alma e de meus sentimentos te fartastes

Como um anjo caido a procura de alívio

Longe da luz da aurora que o dia trás para a escuridão me cativastes

Neguei a deus e contigo saltei o profundo abismo

Mas tú tinha asas. Negras e grandes asas

E eu, que em queda livre me dilacerava, o Hades ví

Esgoelei meu choro aos quatro ventos atormentada

Vagando pela solidão de incontáveis e inconsoláveis dias

Fugí. E agora, nuvens gris são minha companhia

Na sepultura de minha cama tua ausência consome meu ser

E até que chegue a próxima eternidade, és tu, em minha lembrança