Desculpa esfarrapada
Oh jovens de cara lavada
Desculpem essa inércia estampada
Na minha cara pintada.
Vou contar umas coisas
Meu trisavô era paulista
Meu bisavô pernambucano
Todos deitados em berço esplêndido
De um sonho republicano
Percorrendo essa genealogia
Verá que o genial acontecia
Não para eles acolá
Só para nós de cá.
E nessa marcha que separava
Quem ia de quem ficava
Quem tinha de quem só falta possuía
Se alguém percebeu
O que acontecia
Na roda viva foi queimado
Enquanto outro só assistia.
Um silêncio ensurdecedor
Calou o grito que era nossa herança
Dado por Pedro ou balbuciado por Joaquim
Que importa?
A garganta foi ferida
Não sabendo mais gritar
Meu avô que era mineiro
Disse que todo mundo
Viu tudo isso acontecendo
Enquanto dava milho aos pombos.
Quando a mordaça afrouxou
Meu pai e outros herois apareceram
Mas o gozo os chamava
E de overdose eles morreram
Assim, contou um poeta.
Os anos passaram mais rápidos que os dias
Num deles enganado e indignado
Lembrei que não tinha mais mordaça
Invadi ruas e praças
Sem violência, mas com muita bravura.
Deixei que do meu peito brotasse
E na minha face estampasse
As cores do meu protesto
Com apenas cores na cara
Aquela minha cara pintada
Conquistou fatos e atos
Mas não as mudanças.
Depois que pari vocês
Muita coisa piorou
O medo em mim imperou
Maior que qualquer responsa
Que eu tivesse com essa história.
Agora Brasília descaradamente
Passa a mão na gente
E já não é destra ou canhota
Elas trabalham juntas.
A São Paulo que não pára
Juntou-se a outras cidades
E por falta de vôos
Também senta e espera...
Quase nada rima
Quase nada combina
Nada está no lugar
No Rio, o menor dos Hélios não está mais lá.
Eu nem precisava contar
Essas coisas vocês vêem
Por horas e horas a fio
Prostrados à frente da tela
Infelizmente sem nenhum pavio
Nenhum estopim para essa terra
Vivendo virtualmente
Sem ver o mundo de frente.
Então, eu só posso dizer:
Oh jovens de cara lavada
Desculpem essa inércia estampada
Na minha cara pintada.
Oh jovens de cara lavada
Desculpem essa inércia estampada
Na minha cara pintada.
Vou contar umas coisas
Meu trisavô era paulista
Meu bisavô pernambucano
Todos deitados em berço esplêndido
De um sonho republicano
Percorrendo essa genealogia
Verá que o genial acontecia
Não para eles acolá
Só para nós de cá.
E nessa marcha que separava
Quem ia de quem ficava
Quem tinha de quem só falta possuía
Se alguém percebeu
O que acontecia
Na roda viva foi queimado
Enquanto outro só assistia.
Um silêncio ensurdecedor
Calou o grito que era nossa herança
Dado por Pedro ou balbuciado por Joaquim
Que importa?
A garganta foi ferida
Não sabendo mais gritar
Meu avô que era mineiro
Disse que todo mundo
Viu tudo isso acontecendo
Enquanto dava milho aos pombos.
Quando a mordaça afrouxou
Meu pai e outros herois apareceram
Mas o gozo os chamava
E de overdose eles morreram
Assim, contou um poeta.
Os anos passaram mais rápidos que os dias
Num deles enganado e indignado
Lembrei que não tinha mais mordaça
Invadi ruas e praças
Sem violência, mas com muita bravura.
Deixei que do meu peito brotasse
E na minha face estampasse
As cores do meu protesto
Com apenas cores na cara
Aquela minha cara pintada
Conquistou fatos e atos
Mas não as mudanças.
Depois que pari vocês
Muita coisa piorou
O medo em mim imperou
Maior que qualquer responsa
Que eu tivesse com essa história.
Agora Brasília descaradamente
Passa a mão na gente
E já não é destra ou canhota
Elas trabalham juntas.
A São Paulo que não pára
Juntou-se a outras cidades
E por falta de vôos
Também senta e espera...
Quase nada rima
Quase nada combina
Nada está no lugar
No Rio, o menor dos Hélios não está mais lá.
Eu nem precisava contar
Essas coisas vocês vêem
Por horas e horas a fio
Prostrados à frente da tela
Infelizmente sem nenhum pavio
Nenhum estopim para essa terra
Vivendo virtualmente
Sem ver o mundo de frente.
Então, eu só posso dizer:
Oh jovens de cara lavada
Desculpem essa inércia estampada
Na minha cara pintada.