O que não sai e volta
Coleciono lembranças daquilo que não houve.
De amores que não tive, de amores que quis ter
e não pude.
Tenho caixas e caixas de beijos nunca dados,
abraços nunca dados, carinhos nunca feitos
nem recebidos, nenhum deles.
Tantos nomes riscados de tantas moças
que já chego a alguns dos quais nem me lembro
Porque sofrer tem horas de amnésia proposital
e outras horas de lembrança eterna.
Caixas e caixas de amores não-correspondidos
por endereçamento errado: não era aquela moça,
não era aquele amor que ia para aquela, mas
que eu achei que fosse.
Foi assim com ela, com a outra, com a próxima,
E a seguinte, e assim com todas.
Não tenho a quem doar tudo isso. Jogo fora,
mas continua tudo lá, quando me volto.