BEIJO NÚMERO 1 PARA QUARTETO DE CORDAS

(...) Tem que pegar primeiro. Uma boa pegada. Aí, olho no olho, que é pra crescer a vontade. Deixe a aproximação ser natural, suave... Sem pressa nenhuma. A pegada tem que ter sido do jeito certo. Sabe como? Suave, com delicadeza. Nada de pressa. Deixe o encaixe ir se projetando por si. Então insinue um gesto, mas não o complete: refugue. Depois repita essa insinuação, mas permita sentir o doce aroma do beijo. Não interrompa caso os lábios se toquem, mas faça-o com suavidade e deleite. Permita um roçar de lábios bem suave. As línguas podem se tocar nessa hora, mas sempre com vagar e delicadeza. Então deixe que os olhos, que antes se miravam vasculhando a alma um do outro, se cerrem vagarosamente. Permita apenas os perfumes e o tato. O contato e a busca dos lábios um do outro, das línguas que se enroscam e se permeiam. Então os corpos se ajustam e se encaixam perfeitamente.(...)

(Cap.II do conto "Brevíssima história de um amor inesperado, com as cores da paixão, danças, vinho tinto e uns poucos lugares de não esquecer jamais" apresentado no XIV Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Curitiba - 11 a 13.10.2012)