Em meio

Sem me dar conta do inevitável, evitei a caminhada.

Meus pés calejados de terra batida, me espancam,

Me incapacitam.

Somam-se, também, as manchas de um sol de angústia,

Um calor de prantos sofridos,

Um fulgor morto de fome.

Me dê um pedaço de vergonha... Tenho de alimentar meus sentimentos...

[...]

Sem sair do lugar, me apeguei aos moribundos objetos próximos:

Uma pedra, duas pedras, três... Um papel de bala.

Sou apenas mais uma pedra.

Pesada de mais.

Lenta de mais.

Resta-me ainda a esperança de florescer entre os escombros discretos.

Uma cor opaca em meio ao sem cor,

Alguma pétala aqui, outra ali.

Bem... queixar-me, não o faço.

Alguém virá a mim com lágrimas nos olhos me arrancando as extremidades.

Ah! Quanto amor há em uma dilaceração...

Bem-me-quer?

Mal-se-quer!

Bem-quero-a-ti...

Quero-um-bem-pra-mim.