Não vou escrever mais, nunca mais. Essa é a minha vontade.
A palavra brotar do silêncio roça e rasga por dentro, isso dói,
Liberta um grito preso na garganta, arranca-o, isso também dói.
Rasgar assim a pele por uns versos tão torpes, pobres, podres,
Desentranhar ainda um pouco de poesia, isso é o que mata.
Depois eu não sei mais nada, tropeço e esqueço, disso padeço,
Não sei amar, não sei dizer que amo, não sei querer amor de novo
Não sei sentir como fingir ou mentir, não sei fugir.
Espero ainda de pé o próximo golpe, a batalha é só minha...
Coisa nenhuma! Acho que invento tudo ser belo assim.
Belo como coisa nenhuma jamais poderá ser...
Acho que tento crer que invento o que não sei se inventei,
Acho que insisto em carregar aquilo que não sei de onde tiro,
Essa mania de esquecer e tentar outra vez e mais uma vez.
Às vezes sou tomado de uma tristeza que vem não sei de onde,
Às vezes me assola uma angústia que não me serve de nada,
Às vezes me assombra uma ideia fixa de não me fixar em nada,
Às vezes me ocorre um riso incontrolável e não sei para que.
E muitas vezes tudo são essas coisas que eu não sei como,
Uma tristeza de não sei quando, um vazio como este agora,
Como este silêncio que se apodera de tudo sempre, toda vez.
Esse tudo de tão vez em quando que parece durar eternamente.
Não faço conta do papel que faço nem dele me desfaço.
Sou o bobo da corte, porque assim eu permaneço na corte.
E se ali me deixam decerto são muito mais estúpidos do que eu.
Não faço conta dos muitos erros e de alguns fracassos, do medo,
Do segredo que guardamos da coragem que sempre perdemos.
Não faço conta da miséria nem da precariedade tão tola da vida,
Não faço conta da imagem que de mim porventura façam,
Pois o mundo não tem mais uma marca, só tem rótulos,
A história não passa de uma lenda de haver alguma história.
E se deus por acaso existir, eu me pergunto sinceramente
Como é que seus empregados darão conta do fato estranho
E impensável de eu não ter absolutamente nenhum pecado?
E se a vida for mais que isso, o que será isso de tão pouco que é?
Ninguém sabe ainda a primeira resposta,
Ninguém fez ainda a última pergunta.
É só por este motivo que há vida ainda.
Quanto é que pesa o sofrimento alheio que fingimos não existir?
Quanto vale um instante mínimo de paz?
Quem quer ser feliz que ao menos finja que é e acredite nisso.
Quem quer ser feliz que se engane ou seja capaz de inventar isso.
Tudo o que eu tenho a sensação de saber é que agora estou cansado.
Não estou nem triste nem silencioso, só estou cansado.
Parece que demora uma vida para passar um reles dia da vida,
Demora perceber que tudo está no mesmo lugar que ficou sempre,
Que nada avançou, que nada mudou, que nada melhorou, nada.
Demora saber a inutilidade de conhecer todos os mistérios do tempo,
O tempo que cortamos e medimos e que limitamos, que desperdiçamos.
Eu não vou mais pensar nisso. Não vou pensar e nem dizer.
Vou viver desses meus olhares atentos para todas as coisas,
Porque o que se vê é o que basta, não por supostamente existir,
Mas só porque se viu e o que foi visto existiu.
De olhos abertos a realidade. De olhos fechados o sonho. Tudo é ver.
A poesia que deito, entretanto, independe dos olhos que tenho
E dos olhares que mantenho. O que sinto é o que me dói
E o que calo é o que mais me encanta...
A palavra brotar do silêncio roça e rasga por dentro, isso dói,
Liberta um grito preso na garganta, arranca-o, isso também dói.
Rasgar assim a pele por uns versos tão torpes, pobres, podres,
Desentranhar ainda um pouco de poesia, isso é o que mata.
Depois eu não sei mais nada, tropeço e esqueço, disso padeço,
Não sei amar, não sei dizer que amo, não sei querer amor de novo
Não sei sentir como fingir ou mentir, não sei fugir.
Espero ainda de pé o próximo golpe, a batalha é só minha...
Coisa nenhuma! Acho que invento tudo ser belo assim.
Belo como coisa nenhuma jamais poderá ser...
Acho que tento crer que invento o que não sei se inventei,
Acho que insisto em carregar aquilo que não sei de onde tiro,
Essa mania de esquecer e tentar outra vez e mais uma vez.
Às vezes sou tomado de uma tristeza que vem não sei de onde,
Às vezes me assola uma angústia que não me serve de nada,
Às vezes me assombra uma ideia fixa de não me fixar em nada,
Às vezes me ocorre um riso incontrolável e não sei para que.
E muitas vezes tudo são essas coisas que eu não sei como,
Uma tristeza de não sei quando, um vazio como este agora,
Como este silêncio que se apodera de tudo sempre, toda vez.
Esse tudo de tão vez em quando que parece durar eternamente.
Não faço conta do papel que faço nem dele me desfaço.
Sou o bobo da corte, porque assim eu permaneço na corte.
E se ali me deixam decerto são muito mais estúpidos do que eu.
Não faço conta dos muitos erros e de alguns fracassos, do medo,
Do segredo que guardamos da coragem que sempre perdemos.
Não faço conta da miséria nem da precariedade tão tola da vida,
Não faço conta da imagem que de mim porventura façam,
Pois o mundo não tem mais uma marca, só tem rótulos,
A história não passa de uma lenda de haver alguma história.
E se deus por acaso existir, eu me pergunto sinceramente
Como é que seus empregados darão conta do fato estranho
E impensável de eu não ter absolutamente nenhum pecado?
E se a vida for mais que isso, o que será isso de tão pouco que é?
Ninguém sabe ainda a primeira resposta,
Ninguém fez ainda a última pergunta.
É só por este motivo que há vida ainda.
Quanto é que pesa o sofrimento alheio que fingimos não existir?
Quanto vale um instante mínimo de paz?
Quem quer ser feliz que ao menos finja que é e acredite nisso.
Quem quer ser feliz que se engane ou seja capaz de inventar isso.
Tudo o que eu tenho a sensação de saber é que agora estou cansado.
Não estou nem triste nem silencioso, só estou cansado.
Parece que demora uma vida para passar um reles dia da vida,
Demora perceber que tudo está no mesmo lugar que ficou sempre,
Que nada avançou, que nada mudou, que nada melhorou, nada.
Demora saber a inutilidade de conhecer todos os mistérios do tempo,
O tempo que cortamos e medimos e que limitamos, que desperdiçamos.
Eu não vou mais pensar nisso. Não vou pensar e nem dizer.
Vou viver desses meus olhares atentos para todas as coisas,
Porque o que se vê é o que basta, não por supostamente existir,
Mas só porque se viu e o que foi visto existiu.
De olhos abertos a realidade. De olhos fechados o sonho. Tudo é ver.
A poesia que deito, entretanto, independe dos olhos que tenho
E dos olhares que mantenho. O que sinto é o que me dói
E o que calo é o que mais me encanta...