Pedacinhos de palavras
Tão difícil viver sozinho quanto viver com quem não gosta de companhia. Quando é só vazio de falta, dentro de alguém, não há nada que preencha espaço algum. Nem a morte pode mais do que a ausência de vontade de conviver com o outro. De que adianta ter casa com tudo dentro, até gente, se a pessoa não tem prazer de ficar junto de ninguém. Viver é assim tão curto, passageiro... Mesmo assim, no fluir do tempo - a vida pode dar outra chance, mas não será a mesma, por que o tempo passado não volta mais. Pensar que o principal da vida é conviver uns com os outros, e experimentando se conhece a si mesmo, e reconhece-se no outro e se chega ao aprimoramento espiritual? Às vezes a pessoa não expressa sentimento que ela tem em demasia. Se guarda, e até se priva da convivência por não saber lidar com o que sente. Só restando ao outro acostumar com aquilo que não se pode mudar e seguindo no fluir da vida, do tempo, cada qual vai adaptando e sanando suas perdas humanas. Assim também é no relacionamento de antes, quando nosso pertencimento cabia a outros, e para não repetir, não ser de novo o mesmo exemplo, seja resistente, outra escolha é possível. A falta, afeta a todos, por que todos se deixam afetar? O sentir pela razão lesa, o tempo atravessa rápido a visão, mudando o cenário todo, independentemente de pertencer a qualquer lugar. Sem “poder” nenhum de controle as partes se partem. E se ganha autonomia interior, desapega de todos os laços que prendem ao externo. Se fica preso, compromete a si mesmo, no tempo e espaço. Se decide pelo transbordamento, por interesse em pensar às pessoas, viaja através das letras, invocando o próprio ser, revivendo a sua vivência e seu papel na vida... Aparentemente depois da morte, todo mundo descansa no além. Mesmo sem querer...
*Ontem (7 de maio de 2013) mergulhei em A Terceira Margem do Rio, de João Guimarães Rosa, hoje ainda estou em seus fluídos, de pensar a minha existência e meu papel na vida, pela escrita viajo, me deixo levar...