RESGATE DE UMA VIDA

Fui tão fraca diante das agruras da vida buscando refúgio onde não havia saída! Caminhei sobre pedras escorregadias e cobertas de limo, responsáveis por marcas profundas devido a inúmeras quedas.
Neste lugar a natureza é morta, as flores são murchas e exalam o cheiro fétido da morte, a chuva não penetra a terra seca neste campo sombrio dos mutilados, todos dilacerados pelas próprias mãos. Neste lugar o frio invade a alma e estremece os lábios que há muito se calaram, a escuridão é constante, o dia não difere da noite e minha visão foi comprometida... Quando enxergava além do habitual, olhava em volta e chorava silenciosamente, sem esboçar reações, derramar lágrimas ou libertar um gemido de dor.
Sangrei meu próprio desgosto, vomitei a esperaça e delirei em agonia psicológica. Caminhava pelo nada buscando a morte e apercatei... É aliada da tortura! Fugiu de mim em surto vertiginoso, deixando claro que o nada neste nada era eu!
Eu permiti o vazio instalar-se em meu ser e deixei esvair no ar tudo que possuia... Meus sentimentos se foram com o vento e perdi o comando da mente.
Perdi tudo tão rapidamente que minha destruição afetou os que tentavam resgatar-me.
Neste vale comprovei que onde não habita a luz, não existe "caminho" são passos em círculos que não levam a lugar algum, é uma fuga ilusória.
Confusa mudei de rumo, inverti a caminhada assim que avistei um muro, tentava alcança-lo mas as pernas não obedeciam, solitária enlouqueci e agonizei.
Delirando nas profundezas de meu coma, ouvi uma espécie de prece e uma voz tão conhecida, inesquecível, poderosa e decidida. Fez ecoar seu pedido em minha mente...
 

 

- Mãe, volta pra casa!

Nem mesmo falava e agora grita ao ponto de obrigar-me a escutá-la, senti meu coração moribundo voltar a bater intensamente e um calor percorria meu corpo.
-Será que ainda sinto amor? Perguntei-me quando minhas pálpabras umideceram.
Precisava voltar... As lembranças avivaram em minha mente, aquele chamado impulsionou-me a pular o muro da insanidade e despencar na realidade, encontrei forças para lutar, pois tinha agora a noção do quanto era preciso, e tinha por quem lutar.
Aquela voz curou-me da cegueira e gerei algo indescritível, sua mãozinha frágil foi forte o bastante para resgatar-me do mais profundo abismo, do lugar onde poucos conseguem sair vivos. Despertei e renasci para uma nova vida.
Christinny Olivier


 
Christinny Olivier
Enviado por Christinny Olivier em 07/05/2013
Reeditado em 12/11/2013
Código do texto: T4278811
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