PERDA DOS SENTIDOS

Perdi os dedos das mãos e logo após,os dos pés.
Caíram um a um os meus cabelos que de tanto eu divagar ficaram da cor de flocos de neve.
Os dentes foram embora, cansados de tanto mastigar e ruminar vã esperança.
A pele morena empalideceu sem o suor de outras primaveras..
Os órgãos internos definharam resultando o coma.
O corpo desistiu da alma e foi cada um para seu canto na caserna.
Tudo culpa minha, que na ânsia de esquecê-lo, compactuei com o Cupido:
A cada vez que pensasse no seu nome,  perderia parte de meus sentidos.
Sobraram apenas meus olhos que finalmente fecho agora,
para enfim pagar pelo trato estabelecido.
Não se pode querer o que é proibido, contrato cumprido.




Railda
Enviado por Railda em 07/05/2013
Reeditado em 17/10/2013
Código do texto: T4278198
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