O Céu de Minha Infância
Saudade do céu de minha infância!
Azulzinho de embaralhar a vista.
Quem nunca se deitou no meio do quintal?
Barriga pra cima, braços e pernas esticados pra vida,
Pés balançando sem compromisso
E suspiros soltos, libertos dos “ais” acumulados com o tempo!
O céu de minha infância tem cheirinho de roupa limpa
Pendurada no varal, balançando com o vento.
Tem cheiro de terra molhada com regador
Misturado aos perfumes de hortelã, erva cidreira e capim santo.
Tem o cheiro do creme de barbear do meu pai,
Do perfume da minha mãe,
Da colônia de alfazema de minha avó.
Também tem cheiro de chão encerado,
De capa de disco, folheto de missa e cortina de chita.
Tem cheiro de picolé de groselha,
Pão com mortadela e geléia de mocotó.
Tem cheiro de cachoeira, de piquenique, de jabuticaba no pé.
Feijão no fogo, alho refogado, bife acebolado,
Pão quentinho, leite fervido e café.
O céu de minha infância,
Azulzinho de embaralhar a vista,
Tem cheiro de vida,
Suspiros de amor
E “ais” de saudade!