Poeta como o vento

Meu verso quis me deixar;

Perguntei assim ao vento,

Por que cantava ao relento

Ele então me respondeu:

Não canto por ser feliz

Repito apenas a dores

E o clamor de um mundo infeliz

Dos que não podem falar

Dos homens rudes

Das mulheres que sofrem

A perda dos filhos

Dos pais que não deram

Que não puderam aos filhos educar

Das meretrizes que não amaram

Que não realizaram o sonho conjugal.

Então percebi que não podia calar

Mesmo roco, sem voz altiva

Minha poesia sobreviveria

Continuaria ativa.

Briguei com meu verso

Que queria ser derradeiro

Abracei com mãos de ferro

O meu cantar desespero

Para um poema findar.

Combinei assim com o vento

Que enquanto houvesse tempo

Para um dueto plasmar

Seríamos dali pra frente

Duas vozes consistentes

Para o mundo revelar.

Cantaríamos em uníssono

Um canto revelador

Absorvido das almas

Que nunca tiveram um dom.

Cantar ou fazer poema

Na brisa nas cantilenas

Assobiar o mesmo som

Brasília 26/03/2007

Evan do Carmo

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 27/03/2007
Reeditado em 27/03/2007
Código do texto: T427622