Imaginário
Imaginário
Vamos supor que você sustenta a visão de um mundo melhor.
Se você sustenta, eu sustento.
Ninguém ganha nada com a nossa indignação.
Nesse instante podemos ousar e presumir uma permuta do vazio barulhento pelo silêncio que pode ser experimentado.
Finalmente, acreditamos que aquilo que causava medo está sendo gentilmente dissolvido e dissipado.
Faz de conta que isso não é uma chatice. Tudo o que o artista quer é um pouco de atenção.
Imagine um momento de se permitir entrever que os incorruptíveis permanecem firmes em suas visões.
Milagrosamente o caminho diante deles está claro.
Façamos de conta que fluímos, incessantemente, para o tudo, sem objetivos, sem linha de chegada.
Vamos fingir que ouvimos as palavras de um sábio moderno acerca do pragmatismo:
“A estrada para as grandes realizações não está no mapa. Raios X e Penicilina não foram descobertos em função de um objetivo prático. O elétron, revelado em 1897, era inútil. Hoje o mundo é regido pela eletrônica. Hayden e Mozart nunca estudaram os clássicos. Por quê? Por serem os criadores dos clássicos”.
Faço de conta que não vejo notícias ruins.
Visualizo entrarmos numa curiosa loja que vende dons (como é possível viver sem eles?) e saímos com um pacotinho, bem pequenininho. Sim, eles vendem dons, mas esses vêm na forma de sementes. Faz sentido, não acha?
E, quando o mundo parece enlouquecer, descobrimos que um amigo vem a tempo, que é impossível separar a paz da liberdade e que você, ou eu, somos alguém que vale a pena conhecer. Somos os tais idiotas que dizem com ar velado: acredita-se no sangue que corre e duvida-se das lágrimas que caem.
Podemos ir além, e afirmar, graças a prática, que curar não é um dom, mas uma técnica.
Vamos aventar, juntos, e de uma vez por todas, que o espírito sem matéria não possui movimento e a matéria desprovida do espírito é sem vida.
Faço de conta que conversamos.
(Imagem: The Walk to Paradise Garden 1946, W. Eugene Smith)
Imaginário
Vamos supor que você sustenta a visão de um mundo melhor.
Se você sustenta, eu sustento.
Ninguém ganha nada com a nossa indignação.
Nesse instante podemos ousar e presumir uma permuta do vazio barulhento pelo silêncio que pode ser experimentado.
Finalmente, acreditamos que aquilo que causava medo está sendo gentilmente dissolvido e dissipado.
Faz de conta que isso não é uma chatice. Tudo o que o artista quer é um pouco de atenção.
Imagine um momento de se permitir entrever que os incorruptíveis permanecem firmes em suas visões.
Milagrosamente o caminho diante deles está claro.
Façamos de conta que fluímos, incessantemente, para o tudo, sem objetivos, sem linha de chegada.
Vamos fingir que ouvimos as palavras de um sábio moderno acerca do pragmatismo:
“A estrada para as grandes realizações não está no mapa. Raios X e Penicilina não foram descobertos em função de um objetivo prático. O elétron, revelado em 1897, era inútil. Hoje o mundo é regido pela eletrônica. Hayden e Mozart nunca estudaram os clássicos. Por quê? Por serem os criadores dos clássicos”.
Faço de conta que não vejo notícias ruins.
Visualizo entrarmos numa curiosa loja que vende dons (como é possível viver sem eles?) e saímos com um pacotinho, bem pequenininho. Sim, eles vendem dons, mas esses vêm na forma de sementes. Faz sentido, não acha?
E, quando o mundo parece enlouquecer, descobrimos que um amigo vem a tempo, que é impossível separar a paz da liberdade e que você, ou eu, somos alguém que vale a pena conhecer. Somos os tais idiotas que dizem com ar velado: acredita-se no sangue que corre e duvida-se das lágrimas que caem.
Podemos ir além, e afirmar, graças a prática, que curar não é um dom, mas uma técnica.
Vamos aventar, juntos, e de uma vez por todas, que o espírito sem matéria não possui movimento e a matéria desprovida do espírito é sem vida.
Faço de conta que conversamos.
(Imagem: The Walk to Paradise Garden 1946, W. Eugene Smith)