Mãe
Mãe
Pela primeira vez em minha vida, vou passar o segundo domingo de maio sem minha mãe para poder abraçar. Mas vou abraçar o vazio assim mesmo, porque sei que na brandura do vento, meus braços ainda poderão sentir o seu calor nos rastros da saudade que só começou, mas que vai nos unir para sempre na eternidade. Mãe é sempre assim, saudade pura, uma busca que a gente faz em cada segundo de nossas vidas, pois nada se completa sem ela. Mas quando a saudade é sem volta, dói fundo demais.
Quando temos certeza de sua presença, seja ela perto ou distante de nós, sua imagem forte nos serve de porto, de espelho, de referência para o mudar de cada passo. Só sabemos a extensão do conforto de sua existência quando elas se vão e nos deixam perdidos por um espaço de tempo, tentando aprender a caminhar sozinhos e a tomar decisões sem as suas bênçãos ou conselhos. A vida de repente parece partida, como se fosse um antes e um depois, na despedida. Perder uma mãe é perder parte de nossa identidade. Parece que aqueles momentos doces vividos com ela se vão junto, perdem-se nas lembranças que guardamos dela.
Mas a vida é assim, somos uma roda viva nesse mundo onde somos apenas passageiros. E agora é hora de voltar os olhos para a vida de nossos filhos, assumir o papel tão bem ensinado, tentando ser também porto e espelho para eles e para os netos que já começam a chegar. Ficará sempre um trejeito da minha mãe no meu jeito de ser e a herança incalculável da sabedoria e da garra que ela deixou para cada um de nós, seus eternos meninos abraçando o mundo na brava luta pela sobrevivência. Minha mãe foi guerreira incansável, lutou bravamente para que as nossas vidas fossem dignas e lindas. E com que orgulho ela se gabava de ter conseguido seu intento. Agora repousa tranquila nos campos de Deus, uma estrela brilhante iluminando a paisagem que se estende no céu, pois tudo nela se resumia em luz, a começar do nome. E é nessa luz que iremos mirar para encontrar nossos destinos, pois seus filhos sempre tiveram a mais linda estrela guia ensinando a direção do porto. E como ela, jamais caminharemos em vão...