Leve pluma
Procurei o paraíso nos sonhos e descobri que o paraíso fica exatamente onde os sonhos acontecem. E o paraíso está aqui, agora, sob essa lâmpada aos meus olhos.
Leve feito pluma, meu corpo está nesse instante de agora e sou deus nesse instante de agora. A terra flutua sob meus pés. Minha cabeça é um moinho onde geram os sonhos. A realidade é quimera e a verdade o subterfúgio. Me refugio nos sonhos. Sonho acordado, embevecido, sonhando. Estou só e ao mesmo tempo acompanhado. Amo o que faço, porque faço sem esperar nada em troca. Escrevo o que a mente impulsiona sem regras, meias-verdades, por impulso. Gerador de força impulsionado pela energia humana. Vozes me falam nos ouvidos em silêncio, mas posso ouvi-las em sussurro. Capto o som. Não paro, não penso, escrevo.
Impulsos que não fazem parte de mim e sinto que não são meus. Gosto de ser usado dessa forma. Branda forma de traduzir-se e traduzir-me,
transporto-me ao espaço-tempo. Errar, acertando cada palavra feito o vento que não se sabe para onde foi, sabe-se que foi.
Indo, buscando o infinito e transformando-o. A leve pluma gesticula feito borboleta. Sou borboleta escrevendo. E seria por um prato de comida.
Rio de Janeiro, maio 1994
Tony Bahi@.