O grito

e subitamente a boca que fez dos dentes grades do verso perverso transbordou um tsunami de saliva brejo de esquecidos sapos que coaxavam séculos nas cordas vocais e volviam nas vértebras e faziam arte nas artérias e abruptamente os lábios romperam qual barragem numa enxurrada de barro borra na fissura do filtro hemorragia no rasgo da veia atalho na perpendicular da via e porra no ejacular do falo e logo da garganta um enxame de logos vernáculos límbicos voaram do limbo invadindo orifícios auriculares rompendo simulados himens e ais apocalípticos histéricos soaram dos úteros aos quatro cantos findando o fôlego e uma fisionomia de terror rupestre ficou gravada na eternidade dos multiversos e ninguém sabe explicar o quanto foi a quinta-essência do fato quântico porém para prender um pouco com a presa da palavra disse apenas que foi um
Grito
 
Imagem: pintura "O Grito" do norueguês Edvard Munch
Well Coelho
Enviado por Well Coelho em 23/04/2013
Código do texto: T4255857
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.