A MENINA

Morava numa vila pequena, aquela menina. Porém, sonhava grande. Queria conhecer o que existia além daquelas lindas florestas de pinheiros e eucaliptos. Desejava conhecer muitos oceanos, pelo mundo afora.
Somente um medo a perseguia, na verdade um pesadelo que sempre se repetia, e a enchia de pavor: perder a mãe amorosa, que ela tanto adorava. 
Sempre que esses pensamentos taciturnos vinham lhe rondar a mente, sorrindo ela tentava afastá-los, balançando forte a cabeça, jogava os longos e lisos cabelos para trás, e positiva reafirmava para si mesma. Que isso não iria acontecer. Mas um dia aconteceu !
O que salvou a menina de trágico naufrágio emocional, foi ter sempre colocado o barco de sua vida nas águas serenas da fé, e da confiança. Ela não sabia, mas havia feito uma aliança com a esperança e o otimismo, antes mesmo de renascer aqui na terra.
Por isso quando o barco de sua vida passou por forte tempestade, a corajosa menina segurou firme o timão da embarcação e atravessou muitos desertos, que respondiam pelo nome de solidão, algumas florestas escuras, que atendiam pelo nome de saudade. 
Isso a fez madura antes da hora. A vantagem? É que todas as outras tempestades que o barco de sua vida teve que atravessar, encontraram-na com os olhos serenos, próprio de quem aprendeu com a dor imensa de prematura perda, que não há tempestade que dure para sempre, por mais avassaladora que seja.

(Imagem: Lenapena- Praia de Tabatinga/SP)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 23/04/2013
Reeditado em 23/04/2013
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