Maquiagem

Adornada entre acessórios

ela é o acessório,

um acessório...

faz o acessório.

É a raridade que falta

que encontro nas esquinas da vida.

Retocando o mistério

ela maqueia o adultério...

mais um.

Oculta o desespero

ao se olhar...para alguém no espelho.

A beleza revela-se e oculta-se

por dentro e por fora,

por fora e por dentro

no jogo da traição de mentira.

A bela é a fera

e o muito o grotesco...

e exagero.

Na espera do lucro de cada dia

seus belos investidos cabelos que moldam a obra que vai a leilão

dão suas investidas moldadas em dedos esmaltados e lábios sorridentes no esperado sultão

que irá comprá-la, negociá-la e vendê-la

quando todo o mistério se revelar e rebelar-se fugindo pela janela

invadida pela manhã acordada...

acabou o conteúdo,

esgotou.

A luz de todas as cores troca o vulgar pelo essencial

diluído em perfume suado em água que lava e leva o excesso.

O pouco é o muito,

faz o muito.

Sensualidade dispersa pelo ar.

Essência.

É a que não encontrou a sua natureza e em vão ainda tenta.

Por isso a maquiagem,

a fantasia de encontrar o que nunca encontrará

a não ser no espelho,

na alma.

Ela é a pessoa que somos.

Enquanto alguns se revelam na máscara que não possuem,

alguns se escondem na maquiagem que ninguém viu...

e às vezes nem eles mesmos por si.

É desejo e necessidade fundidos em medo.

Victor Ricardo
Enviado por Victor Ricardo em 22/04/2013
Reeditado em 25/04/2013
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