A Carta

A carta que não te escrevi inicia falando de Amor.

Do Amor que ainda sinto,

Amor que acalenta minha Alma na tua ausência,

Que me faz reviver as doces lembranças, momentos felizes de tempos de outrora.

Não se fala de Amor que rima com dor, pois esse eu não creio existir,

Mas Amor que fortalece a Alma e que, apesar da distância que nos separa, nos une de forma singular e realça a aquarela da vida com as cores dos sonhos vividos.

Depois te falaria de minha vida, de como tua passagem a ela enriqueceu. O quanto aprendi sobre enfrentar o medo, os desafios e a dor. O quanto aprendi sobre o Amor, sim ele existe! O quanto aprendi sobre lutar pelo que se quer e sobre dar valor a cada pequena vitória, como você me disse um dia: "A nós, só nos cabe resolver as pequenas coisas, as grandes Ele resolve", ainda me lembro...

Falaria ainda do quanto aprendi sobre o porto seguro chamado família, sobre o calor de um lar, sobre o doce cheirinho que vem da cozinha, daquele café coado no bule, daquela panela enorme de canjica sendo mexida e você sentada sobre o banco de madeira, era comida pra família inteira nas festas de São João...E aquela fogueira enorme no quintal que você fazia questão de ter todo ano e todos ao redor brincando, sorrindo, dançando...

Tudo era motivo de festa,

até colher virava instrumento musical e o som misturava-se ao do piano, do violão, da sanfona, da sua voz cantando, do coro em refrão,

Falaria do burburinho de vozes mil na sala,

das crianças correndo pela casa,

da certeza de sempre estaríamos juntos,

Felizes e não importava o que acontecesse, tudo daria certo no final!

Lembraria de como aquela casa era mágica para todos!

Logo cedo quando as janelas eram abertas, a sala ficava iluminada

e era uma luz branca tão intensa que aquecia também os corações...

lembraria do cheirinho das flores, das fruteiras,

da paz que sentia a noite ao ficar sentada na escada da frente vendo a lua cheia brilhar no céu, de ouvir suas histórias da época do namoro,

a história da linda normalista e do belo rapaz trabalhador, que usava brilhantina e que por ela se encantou...

Falaria da felicidade que ao teu lado tive e de tantas outras coisas que podia ter contigo compartilhado. Mas, como saber? Como antever o destino? Hoje posso te ver sorrindo feliz, orgulhoso pelo que já alcancei e muito disso devo a você!

Ao final, terminaria grata por teres existido um dia, por teres me dado tanto Amor e carinho, pela alegria de ser recebida com aquele sonoro: OI ELA!!, daquele abraço tortinho e, apesar das poucas vezes que me tiravas do sério, quando levantavas a sobrancelha briguenta, diria o quanto era bom saber que estavas por perto, o quanto me sentia amada e segura!

Acho que nunca te disse com palavras, mas sei que nunca duvidaste, mesmo assim escrevi esta carta, pois sei que em silêncio me observas.

Amo vocês, Lourdes e José!!

Sandra Kátia Rocha
Enviado por Sandra Kátia Rocha em 21/04/2013
Código do texto: T4251843
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.