No caminho por entre as árvores eu persigo pensamentos,
Há neste caminhar tanta magia que eu nem sei qual,
Há sortilégios da imaginação e nem ao menos sei como,
Há a consciência disto e essa consciência é não sei o que.
Só sei que é assim que isto é e é há tempos.
Há tempos que faço este mesmo caminho pelas ruazinhas do parque,
Por entre as árvores e as sombras, por entre tantas lembranças,
Tropeçando em esquecimentos.
Um dia a gente se dá conta de que já viveu até que bastante.
E que anda a fazer há tempos as mesmas coisas inúteis, dúbias.
Que empreende as mesmas fugas todos os dias por caminhos novos,
Que arranja desculpas novas para os mesmos velhos problemas
E que não tem a respeito de nada nenhuma pergunta nova.
Eu conheço todas as árvores do parque, as que estão de pé,
As que foram cortadas ou as que caíram sob a fúria do tempo,
Que inventou de trazer a força de uns ventos tempestuosos.
De minha vida inteira eu me lembro de todas as tempestades...
Isto eu sei pelas árvores que ainda permanecem ali enraizadas,
Sempre me olhando do alto de sua aparente eternidade.
Há tempos que ando por estes momentos vazios e tão incertos...
Vivemos precariamente sob o império pavoroso das palavras,
Tudo nós falamos, sobretudo falamos, falamos muito,
Mas fazemos pouco, fazemos nada.
A palavra resolve o mundo, desenha a realidade,
Dá como dado o que nem aconteceu e como acontecido o que nem é.
E tudo o que nunca foi passa a não ser e nunca mais será. Foi falado.
Ninguém vai por mim. Sou eu sempre que tenho que ir.
Ninguém vela por mim, a luta que travo é ainda mais dura
Por trazer em sua dureza a certeza e a solidão da morte.
Ninguém espera por mim. A vida é este partir sempre.
Depois de tudo, o silêncio. E depois dele ainda mais silêncio.
Ou talvez o murmúrio em mim de palavras que morrem,
Palavras que sucumbem assim mesmo, bem lentamente.
Dessas palavras que não voam, se entregam ao abismo.
E tudo o que é insondável acaba devorado pelo esquecimento.
Construí tudo em palavras. E em palavras tudo ruiu.
Eu me vali das palavras e as palavras não me valeram,
Morreram virgens na eternidade deste absurdo silêncio.
Morreram tal como morrem as minhas mais doces ilusões.
Ninguém para me olhar nos olhos, enxugar mais esta lágrima.
Ninguém para me abraçar no medo terrível da madrugada,
Ou para me tomar pela mão e seguir por esta estrada.
Ninguém para me livrar da boca faminta do tempo
Bem a tempo de alguém se lembrar de mim. Ninguém.
Ninguém para me dizer que tudo o que vivi valeu a pena.
Ninguém para me sorrir ou me fazer sentir prazer de viver,
Para olhar para mim com a cara de sempre, a de ninguém.
Ninguém vai voltar no caminho que eu já refiz...
Esta ruazinha anônima no parque sem nome é o que eu tenho.
As marcas distantes das lembranças de outros meus passos,
Que guardaram de mim tanta coisa que eu nem sei mais buscar,
Não sei onde...
Eu quero de volta toda aquela alegria de sonhar. Não! Não quero.
Os sonhos morreram com as palavras mortas precipitadas no abismo.
Escuridão, solidão, silêncio e esquecimento,
Todos os meus sonhos e nenhum rosto.
Não! Na verdade eu não quero nada.
Arranco de mim este rosto que me deram quando nem mais quiseram
Nas horas por que me espera outra máscara para eu ainda poder usar,
Aquela que ponho embaixo do rosto, que escondo com o meu rosto.
A máscara do que eu era, do que fomos, se é que um dia já fomos,
Lembranças que se amontoam na pilha dos dias que se vão,
Ou dos que ainda irão, mas nunca, nunca mesmo, dos que virão.
Só tenho este olhar para as mesmas coisas.
Há somente as mesmas coisas para este olhar.
Então o que é novo? O que vem a ser outra coisa?
O que será de outro dia, outra vida, outros sonhos?
Há tempos que tudo o que tenho é tudo tão pouco
Estas palavras que nunca me deram nada,
Este silêncio feito do mais puro esquecimento,
Este caminho que traço por entre árvores e pensamentos
De uma ruazinha incógnita de um parque sem nome...
Há neste caminhar tanta magia que eu nem sei qual,
Há sortilégios da imaginação e nem ao menos sei como,
Há a consciência disto e essa consciência é não sei o que.
Só sei que é assim que isto é e é há tempos.
Há tempos que faço este mesmo caminho pelas ruazinhas do parque,
Por entre as árvores e as sombras, por entre tantas lembranças,
Tropeçando em esquecimentos.
Um dia a gente se dá conta de que já viveu até que bastante.
E que anda a fazer há tempos as mesmas coisas inúteis, dúbias.
Que empreende as mesmas fugas todos os dias por caminhos novos,
Que arranja desculpas novas para os mesmos velhos problemas
E que não tem a respeito de nada nenhuma pergunta nova.
Eu conheço todas as árvores do parque, as que estão de pé,
As que foram cortadas ou as que caíram sob a fúria do tempo,
Que inventou de trazer a força de uns ventos tempestuosos.
De minha vida inteira eu me lembro de todas as tempestades...
Isto eu sei pelas árvores que ainda permanecem ali enraizadas,
Sempre me olhando do alto de sua aparente eternidade.
Há tempos que ando por estes momentos vazios e tão incertos...
Vivemos precariamente sob o império pavoroso das palavras,
Tudo nós falamos, sobretudo falamos, falamos muito,
Mas fazemos pouco, fazemos nada.
A palavra resolve o mundo, desenha a realidade,
Dá como dado o que nem aconteceu e como acontecido o que nem é.
E tudo o que nunca foi passa a não ser e nunca mais será. Foi falado.
Ninguém vai por mim. Sou eu sempre que tenho que ir.
Ninguém vela por mim, a luta que travo é ainda mais dura
Por trazer em sua dureza a certeza e a solidão da morte.
Ninguém espera por mim. A vida é este partir sempre.
Depois de tudo, o silêncio. E depois dele ainda mais silêncio.
Ou talvez o murmúrio em mim de palavras que morrem,
Palavras que sucumbem assim mesmo, bem lentamente.
Dessas palavras que não voam, se entregam ao abismo.
E tudo o que é insondável acaba devorado pelo esquecimento.
Construí tudo em palavras. E em palavras tudo ruiu.
Eu me vali das palavras e as palavras não me valeram,
Morreram virgens na eternidade deste absurdo silêncio.
Morreram tal como morrem as minhas mais doces ilusões.
Ninguém para me olhar nos olhos, enxugar mais esta lágrima.
Ninguém para me abraçar no medo terrível da madrugada,
Ou para me tomar pela mão e seguir por esta estrada.
Ninguém para me livrar da boca faminta do tempo
Bem a tempo de alguém se lembrar de mim. Ninguém.
Ninguém para me dizer que tudo o que vivi valeu a pena.
Ninguém para me sorrir ou me fazer sentir prazer de viver,
Para olhar para mim com a cara de sempre, a de ninguém.
Ninguém vai voltar no caminho que eu já refiz...
Esta ruazinha anônima no parque sem nome é o que eu tenho.
As marcas distantes das lembranças de outros meus passos,
Que guardaram de mim tanta coisa que eu nem sei mais buscar,
Não sei onde...
Eu quero de volta toda aquela alegria de sonhar. Não! Não quero.
Os sonhos morreram com as palavras mortas precipitadas no abismo.
Escuridão, solidão, silêncio e esquecimento,
Todos os meus sonhos e nenhum rosto.
Não! Na verdade eu não quero nada.
Arranco de mim este rosto que me deram quando nem mais quiseram
Nas horas por que me espera outra máscara para eu ainda poder usar,
Aquela que ponho embaixo do rosto, que escondo com o meu rosto.
A máscara do que eu era, do que fomos, se é que um dia já fomos,
Lembranças que se amontoam na pilha dos dias que se vão,
Ou dos que ainda irão, mas nunca, nunca mesmo, dos que virão.
Só tenho este olhar para as mesmas coisas.
Há somente as mesmas coisas para este olhar.
Então o que é novo? O que vem a ser outra coisa?
O que será de outro dia, outra vida, outros sonhos?
Há tempos que tudo o que tenho é tudo tão pouco
Estas palavras que nunca me deram nada,
Este silêncio feito do mais puro esquecimento,
Este caminho que traço por entre árvores e pensamentos
De uma ruazinha incógnita de um parque sem nome...