CONTENDA ( conto o que sei, não vi ) de: Osmarosman Aedo
Naveguei tuas rotas
Comunguei ao Pai, ao Filho, ao Espírito
Os Santos recusaram, mas falei, o que vi não sei...
Caminhei por sobre tuas águas
E por entre sonhos descartáveis, reciclei a parábola
E fiz bem mais que peixes vir ao meu barco.
Em meu barco vi estrelas e cavalos
Andarem eretos com a pausa do que sonhei.
Conduzi-me por uma luz
Ou era um cometa, vai ver não sei
E do Ocidente ao Oriente (não sei como não morri), andei.
Vi, de magos a viandantes, águias e elefantes acenarem, vi que sei
Mas aquela carga de amor reluzente
Fez-me espreitar o deserto e pensei:
Como chegaram com tanto peso sem camelos e sem carros de boi?
( com jumentos foi que não sei )
Que distância finalmente há, entre o cocho e um rei?
Será por isso pequei quando disse: NÃO SEI!?
Sei lá viu!
Coisas que não vi, não sei.
Continuei na rota que o sonho conduziu
E ao denominador comum pedi:
Jarras qual vinho de água virei;
Moedas que ao pobre coitado neguei;
Holograma que uma vida em alma, açoitei;
A Dama cuja mama sem leite, ao anjo limitei;
A cruz em cuja madeira de lei uma lança incrustei.
E as sete, entre tantas e outras palavras, se as ouvi não sei.
Só sei que pedi antes de ver... o que pensei, vi.
Agora,
Um presépio na tenda de quem não conheço ali
Repete a história que arrasta os séculos por ruas de quem não sei,
Permitindo-se a contento, certeza do que ainda não sei li.
Será que posso perguntar onde estava quando isso tudo passou por mim?
Acho melhor dizer que não sei, nem vi.