Filósofo Joaquim
O meu compadre Joaquim
Ta ficando amalucado da cabeça
De uns tempo para cá
Danou a fazer pergunta besta
Sempre foi um homem bom
O meu compadre Joaquim
Vou contar o que se sucede
Com o pobre coitadim:
Primeiro foi lá na roça
Na plantação de tumate
Quando eu matei uma cobra
Que vinha perto da minha bota.
Ora veja meu cumpadi
Por que tu mataste a cobra?
Sendo que a bichinha
Nem era venenosa
Que direitos temos nóis
De matar os animais
Por que julga que a vida dela
Tem menos valia que a sua?
Imagine se fosse ela aqui
Vestida e plantando tumate
Lhe avistasse e te matasse
Só porque tu tava dando seu passeio da tarde.
Já fiquei encabulado
Com essa atitude do Joaquim
Só porque matei uma cobra
Danou uma bronca em mim
Também fiquei ofendido
Com a questão desonrosa
Pois onde já se viu comparar
Minha vida com a vida de uma cobra?
E quando eu encontrava com Joaquim
Era só chatiação
Começava os questionário de umas tar
De moral, política, ética, razão...
Essa mudança de Joaquim
Foi o meu desassussego
Não podia falar de nada
Que ele danava questionamento
Mas o negocio ficou sério
Quando o compadre Joaquim
Questionou a santidade
Do meu padre Ciço padrim
Dessa vez eu não aguento
Você passou do limite
Questionar meu padrim Ciço
É a maior afronta e pecado que existe
Ora compadre Joaquim
Só pode ser o satanás
Que ta pondo em sua cabeça
Essas ideias boçais
É melhor tu ir pra igreja
Para não ir pro inferno
Vá pedir a bença ao padre
Antes que o cão te leve.
Veja bem meu cumpadi
Não foi diabo nem cão
Que resultou esses pensamento assim
E nem a bença do padre
Vai poder dar jeito em mim
Quem mudou minha cabeça
Foi mermo a filosofia
Que me despertou o amor ao saber
E mudou a minha vida.
E se foi o compadre Joaquim
Sem nem olhar para traz
Enquanto ele não mudar as ideia
Também nem quero vê-lo mais
E se um dia eu encontro
Com essa tal de Filosofia
Dou-lhe um tapa nos ouvido
Que ela vai ficar zonzinha
Essa bicha do nome estranho
Boa pessoa não é
E pra virar a cabeça do meu compadre
Só podia ser mermo muié.