PROSEANDO
Um poste de pouca luz testemunhava a criançada
em volta do avó contando histórias quando faltava a vizinhada
para boas conversas fiadas.
Um medo do saci-pererê esse neguinho apavorava a criançada,
também tinha a cuca, uma bruxa que morava na gruta do sitio da Dona Benta, o pica-pau amarelo.
se havia mais cinco meninas de tranças logo formava ciranda,
ah... ciranda cirandinha, meia volta vamos dar e mergulhar no tempo, que saudade!
Era sempre assim os fins de tarde até a noitinha, no sitio São José, quando as tragadas no cigarro de palha do meu avô
se confundia com os vaga-lumes, acendia uma luz que clareava aquela cara marcada do Véio Pulu.
poderia ser estrelinha se não houvesse fumaça depois.
Hoje já não contam histórias, tem avós, mas não tem netos pra ouvir e os netos tem avos mas tem internet.
As meninas hoje tem os dentes certinhos, se preocupa com dieta,
nem trança e nem ciranda e se ouve esconde-esconde é da violência que tenta se salvar.
As crianças de outros tempos não pulavam etapas, eram crianças até onde teria que ser.
Drogas era um inferno de poucos, hoje é uma realidade de muitos.
Sei lá...
SACI PERERê de uma perninha só roubava pitos mas respeitava os sonhos.
Feliz daquele que tem um vovô e vovó e tempo para suas histórias escutar.
LA NINA