INÉRCIA
Tenho que partir, quero ficar ...
Estou enraizada num jardim sem flores
Cultivei sonhos de todas as espécies
Preparei o solo fértil, revolvi a terra
Adaptei-me às condições climáticas
Esperei crescer com paciência, então podei
Novos brotos surgiram, a vida prosseguiu
Talvez tenha negligenciado na irrigação
Ou no controle de pragas e ervas daninhas
Já usei adubos, fertilizantes, agrotóxicos
Nada resolveu. Meu jardim está definhando
Preciso de um novo solo, para recomeçar
Como abandonar meu jardim agonizante?
Tanto tempo de investimento e dedicação
Sei que mudanças radicais são necessárias
E que toda transformação exige sofrimento
Mas não quero sofrer mais, estou relutante
Agora só faço cavar buracos na terra estéril
Pois cavo o buraco de minha própria cova