SEM TÍTULO
É outono. Tempo de folhas caídas, formas que cumpriram ciclos, tempo de floradas esmaecidas e de renovação. Tempo de apalpar os pensamentos,
de sobrevoar os enredos e decifrar os mêdos. No porão as portas sempre guardam segredos, quando as sombras não escapam pelos
vãos ou pelo repicar de vozes de longínquas distancias.
Do nada sempre vazio à insaciável razão, tudo pode estar cheio, transbordante. É sempre extremamente hilariante titular as coisas, se apoderar desses instantes que fogem, tentar explicar,
sempre como o inexplicável se decodifica. Ah, esses códigos costumeiros do cotidiano da nossa vida como representação irracional da vontade. Ah, Shopenhauer inestimável com sua assinatura, chumbou todas as cascas de ovo da imaginação, não é poeta ?! Viva a auto-apologia, as redobradas firmezas do ego, construções do insólito. Nada no mundo tem nome a não ser o que nomeamos.. .Já Foucault repisa Borges com o drama dessa epistemologia perdida no tempo da preocupação com a nomeação das coisas pela prosa do mundo.
Falo tudo isso pra dizer que as vezes não é preciso nomear isso ou aquilo pra compreender as sensações que sem qualquer nomeação, parecem ser "datiloscòpicamente" identificáveis no éter da ribalta...