FIM DE TARDE.
Chagaspires
Lá se foi o sol por sobre os montes.
Seus últimos raios tingem de rubro o firmamento, onde repousam os fins de mais um longo dia.
A natureza morna, quedada; parece a plateia muda de um circo a espera do salto mortal do trapezista.
É a agonia da tarde.
O céu escuro e as sombras povoam os mais distantes recantos da terra.
O bater de um carrilhão ecoa ao longe com languidez sublime.
É a hora do ângelus.
Os pássaros voam a procura de seus ninhos; os grilos fazem mais forte o seu cantar, anunciando a noite que chega.
O homem caminha de volta a casa depois de mais um dia de constante lida.
O mundo agora envolto pelo neon das luzes parece um brilhante de contos de fada a crepitar com um fulgor intenso.
A esposa volta os olhos para os céus, rogando a DEUS paz e promissão para sua prole.
A criança com seu sorriso inocente brinca ao redor da mãe, com a ingenuidade que lhe é tão peculiar.
O sol se foi; a noite chegou, e a criança dormiu.
O homem e a esposa numa comunhão de sentimentos procuram vasculhar o futuro à espera de dias melhores.
Lá fora, no mar sereno, os raios prateados da lua clareiam a noite fazendo-nos esquecer da tarde que se foi.
NOTA DO AUTOR: “Escrevi este texto nos idos de 1971.”