O VERÃO DO POETA



 
Um verão de poeta liberta pássaros de primavera.
Uma família nascida de vulcões invade vales e planta a agricultura da redenção.
Ele recupera as folhas perdidas no outono e faz renascer as flores que o inverno sacrificou.
Os frutos que nascem de uma árvore regenerada são ainda mais doces do que aqueles que nasceram na primavera porque na maturidade da vida eles estão mais saborosos.
Entramos pela madrugada adentro estendidos um sobre o outro, como a realidade derramada sobre a esperança, como um sonho de juventude realizado na idade madura.
Nossos corpos são territórios de emoções, onde plantamos flores de desejos e colhemos os frutos do nosso prazer.
Mas não só de desejos e sentidos vive o nosso verão. Há também a paz que vem depois.
O calor arrefece, os corpos falam a língua do silêncio, e a poesia desse instante é paz suprema, alcançada depois do esforço despendido para alcançar o apogeu da estrela e a vertigem dos despenhadeiros.
Depois do céu conquistado por assalto, a paz do guerreiro satisfeito é um poema feito de silêncio e paz, onde a respiração dos organismos satisfeitos é a melodia que o acompanha.
O mundo que somos nós, cansado, busca a regeneração que o sono proporciona. O mundo que nascerá de nós principia a agitar-se.   
 

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 03/04/2013
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