SEM PERSPECTIVAS
Embaralham-se destinos em minhas ausências e descaminhos, enquanto as opções possíveis se dissolvem sem rumo em um labirinto de fatos entre acasos, tempos e espaços.
Já não planejo ou penso qualquer amanhã. Não me preocupo com futuros, metas ou objetivos. Apenas me interessa permanecer vivo, apesar de todas as incertezas e insatisfações cotidianas.
Em outros termos: basta-me continuar avançando, sem vacilar, do nada ao nada, através do obscuro de cada dia vivido sem qualquer horizonte ou expectativa.
Afinal, já não tenho mais idade para chegar a qualquer lugar, semear sonhos ou esperanças.
Já sou suficientemente adulto para não buscar seguranças emocionais ou financeiras; infantil demais para assumir compromissos ou o peso de obrigações.
Felicidade, sei que não existe, e, caso existisse, já não seria o bastante para findar meus desassossegos...