AH TEMPINHO BOM!
Lembro com alegria aquele tempinho bom, da nossa juventude...
Éramos jovens e sonhadores.
Sonhávamos acordados com a coleguinha de escola, com a amiguinha da nossa rua...
Sonhava noites e noites em pegar sua mãozinha e acariciá-la...
Ah, que tempinho bom, do beijinho na mão, do contato instintivo, mas comovente, do primeiro beijinho no rosto... Depois, a lembrança dias e dias, do beijo furtado no escuro do cinema! Dos abraços e das carícias...
Das namoradinhas, cada qual a seu tempo...
O namoro era todo um ritual e suas evoluções eram sonhadas dias e noites.
Era a valorização do sentimento em um nível quase sublime!..
Quando o rosto esquentava, a voz tremia, o corpo estremecia, momentos inesquecíveis de um prazer quase inocente...
A vida era um romance vivenciado, sentido, prestigiado, esperado, amado...
Em cima dessas reminiscências, ocorreram-me uns versinhos musicados que uma das minhas primeiras namoradas cantarolava pra mim e que nunca mais ouvi de outra pessoa. O autor dos versos e da música, não me ocorre, daí porque êles vão aspeados:
"Ai, ai, ai, que tempinho bom
Ai, ai, ai, nada de portão...
Ela, sempre na janela
êle na esqina,
cigarrinho aceso
atrás do lampião...
E das sete as oito,
das oito as nove,
das nove as dez,
Eram sinaiszinhos,
eram mil beijinhos,
troca de papéis...
Eram bilhetinhos
contendo versinhos
de Olavo Bilac...
Ao chegar a hora
de dar o fora,
tac, tac, tac..."
Nada como ir atrás das boas lembranças que nos remetem a momentos de tanta ternura e agradável bem-estar...
Reparto com os leitores estas pérolas desses bons tempos!