LUTO

Hoje entrego-me a todo movimento aleatório

Existente no espaço cósmico.

Sou vendaval, redemoinho, ventania, temporal,

Sou brisa, neblina, nevoeiro, aurora boreal...

Não suporto mais correr certinha numa linha

Expondo meus pontos acumulados pelo tempo.

Preciso desvendar os mistérios do insucesso,

Dos exemplos que não convencem,

Das instruções não seguidas.

Não insisto nem resisto,

Mas permito que os temporais da noite

Espalhem minhas folhas velhas e desidratadas

Em todos os cantos do universo.

Sinto meu intelecto adormecido e sem cor,

São tantos caminhos marcados pela dor

Da resistência, das palavras lógicas em vão.

Acho que vou me soprar

Inflar meu desânimo até explodir

Será que vou resistir, ver partir

Meus dons, minhas ideias, minhas certezas

Minhas loucuras camufladas no meu breu interior?

As cores que invento ninguém vê, só os passos básicos do meu dia,

Vasculho por todos os lados sementes férteis

Planto ideias em canteiros adubados no chão

Regados com água doce da chuva, em vão

Nascem folhagens em preto e branco

Então me dispo, me olho, choro...

e a moldura da noite me envolve.

Luz Miranda
Enviado por Luz Miranda em 31/03/2013
Reeditado em 07/06/2013
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