Nevralgias como inverno, cortes de lâmina afiada, espetadas de florete...
O que mais toca e tange?
Acaricia e rejeita?
Quer-se ou dispensa-se?
Derrama-se o excesso de dor, fel, mel e gozo.
Fala-se por todos os poros.
Nenhum tecido enxuga essas palavras.
Nenhum berro expurga-as.
Lava latente, antiga.
A boca seca, a garganta se cala.
O coração tem câimbra.
O pulmão busca mais ar.
Mãos e pés atrofiados.
Espasmos difusos percorrem todos os órgãos.
Indistintamente.
Nos cílios as derradeiras lágrimas.
Um rastro de fogo.
Laçada de couro, apertando.
Sofre-se e ninguém sabe, ninguém sente, ninguém vê...
Ou sabe mas dissimula, não se importa.
A morte não assusta.
A vida sim.
Fio sonhos e luares
Nos teus braços seculares.
Sorvo agonia e alegria,
Entrego-me a ti, Poesia.
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