TÃO INTENSA QUE...

 

Nevralgias como inverno, cortes de lâmina afiada, espetadas de florete...
O que mais toca e tange?
Acaricia e rejeita?
Quer-se ou dispensa-se?
Derrama-se o excesso de dor, fel, mel e gozo.

Fala-se por todos os poros.
Nenhum tecido enxuga essas palavras.
Nenhum berro expurga-as.
Lava latente, antiga.

A boca seca, a garganta se cala.
O coração tem câimbra.
O pulmão busca mais ar.
Mãos e pés atrofiados.
Espasmos difusos percorrem todos os órgãos.
Indistintamente.
Nos cílios as derradeiras lágrimas.

Um rastro de fogo.
Laçada de couro, apertando.
Sofre-se e ninguém sabe, ninguém sente, ninguém vê...
Ou sabe mas dissimula, não se importa.

A morte não assusta.
A vida sim.


                            Fio sonhos e luares
                      Nos teus braços seculares.
                      Sorvo agonia e alegria,
                      Entrego-me a ti, Poesia.


 


imagens: google

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 30/03/2013
Reeditado em 30/03/2013
Código do texto: T4215604
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