NOVOS TEMPOS
Ah! escribas do templo,
súcios e doutos
Sabem por toda certeza
a cura e a chaga
Bazófiam sem modéstia
ao público inerte e domável,
e não escondem a alegria
com o que vejam:
olhos tristez e peles pálidas
Não negam possuírem
a espertize da raposa,
e confabulam normas e decretos
Arre!, mil vezes arre!
dói no peito o grito sufocado
Eis o que são:
paquidermes transitantes
sob cadáveres insepultos
Ao patíbulo!
Ao patíbulo eu os condeno
Outrora um raio de luz transcendeu a aurora,
e um novo dia se fez,
e faces de felicidade ocuparam dias de tristeza
Mas, eis que eles surgiram
Paraísos foram prometidos,
salvações ofertadas; e todos cederam
Não tardou, e tudo se fez treva
A escuridão caiu e a cegueira se cultivou,
levou como naufrágio a esperança,
e tudo se fez tristeza e dor
Uma árvore, um pedaço de terra,
apenas isso e nada mais
Que o broto brote,
Que o sol nasça e aqueça corações partidos
Eles não sabem o que é isso,
vivem à espreita
a arquitetarem o próximo golpe
Não tardará!
Não tardará escribas vendilhões
Sabeis que a marcha avança
Sabeis que o machado
caiu sobre cabeça real
e o povo se fez soberano
Ao povo, paro o povo e do povo,
ouvirão claro e cristalino
a voz do povo que marcha e avança
Bandeiras serão debulhadas,
outras em novos mastros se mostrarão
E a canção, triste e melancólica antes tocada,
será abafada pelo canto uníssono do povo
Não tardará escribas
Não tardará
Eu sei, não tardará
E será dia de jubilo
igual ao dia do filho que nasce