Amizade única.

Sem pé, nem tronco, nem cabeça,

revirando,

pondo à prova

e encontrando sem pressa,

ainda que não pareça,

uma energia nova.

Para que tudo aconteça,

sopram a nosso favor,

os ventos da nova vida.

Trazendo todo ardor da chama vital,

esquecida nos velhos corações,

pois é comedida,

como toda notícia de jornal,

onde a malícia dá o tom.

Esse amor artificial, pela metade,

não é parte que nos cabe, ou coube.

É nossa identidade sentir,

deixar que a alma pouse,

assente na claridade.

Identificar que o momento presente,

é o eterno ir e vir

e deixar-se ir.

O porvir é sempre natural

e a sorrir,

nos encontramos em verdade.

Haveria mesmo de existir esta raridade,

distante do desejo carnal.

Olho-te de longe...

Em pensamento te cuido,

atento,

mas não me preocupo,

pois também vi,

através de seu maior infortúnio,

o seu maior crescimento.

Hoje confio mais no seu discernimento.

Foi lindo acompanhar,

esse seu jeito de esbarrar com a vida.

Faz-me acreditar em algo,

que decidira,

quando dobrei a esquina principal da minha alma.

Um algo mais de ser.

De ter calma pra entender,

que esses encontros vêm,

quando há o esclarecer consigo,

sem deixarmo-nos reféns,

da nossa relação de amigos.

Intenso,

esporádico,

melancólico,

ácido,

mas nunca, apático.

Nosso amor é como é.

Acho difícil que pereça,

sendo ele assim,

tão sem cabeça, nem tronco, nem pé.

Raphael Moura
Enviado por Raphael Moura em 26/03/2013
Reeditado em 24/04/2013
Código do texto: T4208742
Classificação de conteúdo: seguro