Amizade única.
Sem pé, nem tronco, nem cabeça,
revirando,
pondo à prova
e encontrando sem pressa,
ainda que não pareça,
uma energia nova.
Para que tudo aconteça,
sopram a nosso favor,
os ventos da nova vida.
Trazendo todo ardor da chama vital,
esquecida nos velhos corações,
pois é comedida,
como toda notícia de jornal,
onde a malícia dá o tom.
Esse amor artificial, pela metade,
não é parte que nos cabe, ou coube.
É nossa identidade sentir,
deixar que a alma pouse,
assente na claridade.
Identificar que o momento presente,
é o eterno ir e vir
e deixar-se ir.
O porvir é sempre natural
e a sorrir,
nos encontramos em verdade.
Haveria mesmo de existir esta raridade,
distante do desejo carnal.
Olho-te de longe...
Em pensamento te cuido,
atento,
mas não me preocupo,
pois também vi,
através de seu maior infortúnio,
o seu maior crescimento.
Hoje confio mais no seu discernimento.
Foi lindo acompanhar,
esse seu jeito de esbarrar com a vida.
Faz-me acreditar em algo,
que decidira,
quando dobrei a esquina principal da minha alma.
Um algo mais de ser.
De ter calma pra entender,
que esses encontros vêm,
quando há o esclarecer consigo,
sem deixarmo-nos reféns,
da nossa relação de amigos.
Intenso,
esporádico,
melancólico,
ácido,
mas nunca, apático.
Nosso amor é como é.
Acho difícil que pereça,
sendo ele assim,
tão sem cabeça, nem tronco, nem pé.