[Vento que mata tenras flores...]
Sabe... depois de percorrer o meu longo caminho, vou, a cada dia, me sentindo como um mourão de cerca fincado à beira da linha onde passam os trens de carga. Espio... espio... espio o trem passar e espanto-me por que eu não sinto nada!
Volto a lugares onde labutei durante décadas... volto de peito seco, seco como se um vento quente me soprasse por dentro, vento quente de matar flores tenras.
Se acaso eu disser que sinto "saudade", é mentira... mentira de poeta! Um dia, eu cheguei a pensar que sabia o que é "saudade" — meu ajuste de contas é na escrita, na peste da escrita que eu contraí, sei lá quando...
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[Desterro, 26 de março de 2013]
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Para o texto: Trova 171 [SAUDADE] (T4208015)De: KATHLEEN LESSA - http://www.recantodasletras.com.br/trovas/4208015