A cidade é um organismo vivo, pulsante,
Vibrante, dissonante, deselegante, gigante,
Com seus milhares de pernas em passos incessantes,
Milhares de olhares e história e lugares e esgares
De rostos flutuantes, instigantes, pensantes,
Com seus sons, seus ruídos, seus fluídos e pruridos,
Crianças sem pai nem mãe, mulheres sem maridos
Pessoas indo e vindo e vindo e indo, alguns fugindo,
Uns rugindo, outros sorrindo, dormidos ou caídos,
Traídos, babando, delirando, sonhando, uns cantando,
Alguns chorando, uns nascendo, outros vendo, uns morrendo,
Muitos tentando, alguns poucos vivendo, tantos fingindo,
Tentando ainda, buscando, desistindo, indo e não voltando,
Uns partindo, alguns ficando, uns nem se importando...
A cidade é um bicho de milhares de cabeças e bocas,
Com milhares de olhos, pernas e braços,
A cidade é um peito só, batendo.
E as ruas não são suas, as pessoas não estão nuas,
Nossas idéias todas sobre tudo parecem ainda cruas
E ainda assim uma esperança desgraçada que grita
Numa passeata de crianças escolares: não à violência!
A cidade é feita de vidas desfalecidas, despedaçadas,
Arrancadas do nada, interrompidas por tudo e tudo,
Qualquer coisa que valha um fim da vida começo do luto.
Um homem se ajoelha na rua e soca o ar aos brados,
Briga com os deuses, os fatos, com os ratos, o destino,
O homem de barba que há muito matou o menino.
A cidade é feita de esquecimentos, de ausências e faltas,
A cidade é feita daquilo tudo que a cidade não tem.
E eu aonde vou carrego o meu absurdo silêncio.
E me acompanha essa absoluta tristeza,
Essa solidão que se faz cada vez mais minha sombra,
Aonde vou estou sempre perdido e me indagando,
Tentando adivinhar se tudo isto é ou não é um sonho,
O tão muito estranho pesadelo a que chamamos realidade,
Porque está é e não é quando quer e não quer a minha cidade,
Porque ela não está em mim e eu não estou nela de verdade!
Vibrante, dissonante, deselegante, gigante,
Com seus milhares de pernas em passos incessantes,
Milhares de olhares e história e lugares e esgares
De rostos flutuantes, instigantes, pensantes,
Com seus sons, seus ruídos, seus fluídos e pruridos,
Crianças sem pai nem mãe, mulheres sem maridos
Pessoas indo e vindo e vindo e indo, alguns fugindo,
Uns rugindo, outros sorrindo, dormidos ou caídos,
Traídos, babando, delirando, sonhando, uns cantando,
Alguns chorando, uns nascendo, outros vendo, uns morrendo,
Muitos tentando, alguns poucos vivendo, tantos fingindo,
Tentando ainda, buscando, desistindo, indo e não voltando,
Uns partindo, alguns ficando, uns nem se importando...
A cidade é um bicho de milhares de cabeças e bocas,
Com milhares de olhos, pernas e braços,
A cidade é um peito só, batendo.
E as ruas não são suas, as pessoas não estão nuas,
Nossas idéias todas sobre tudo parecem ainda cruas
E ainda assim uma esperança desgraçada que grita
Numa passeata de crianças escolares: não à violência!
A cidade é feita de vidas desfalecidas, despedaçadas,
Arrancadas do nada, interrompidas por tudo e tudo,
Qualquer coisa que valha um fim da vida começo do luto.
Um homem se ajoelha na rua e soca o ar aos brados,
Briga com os deuses, os fatos, com os ratos, o destino,
O homem de barba que há muito matou o menino.
A cidade é feita de esquecimentos, de ausências e faltas,
A cidade é feita daquilo tudo que a cidade não tem.
E eu aonde vou carrego o meu absurdo silêncio.
E me acompanha essa absoluta tristeza,
Essa solidão que se faz cada vez mais minha sombra,
Aonde vou estou sempre perdido e me indagando,
Tentando adivinhar se tudo isto é ou não é um sonho,
O tão muito estranho pesadelo a que chamamos realidade,
Porque está é e não é quando quer e não quer a minha cidade,
Porque ela não está em mim e eu não estou nela de verdade!