Penas do Tiê
Penas do Tiê
Quando o sol arregala os olhos se espreguiçando no horizonte, abençoando com sua Luz, o dia...Os pássaros saem dos ninhos, numa algazarra estonteante e bela...Acorda Cinderelas e Romeus, para a lida. As plantas se agitam, ninguém percebe, seus movimentos são suaves e delicados para não acordar a flor. A Flor que ainda dorme...Tem flores que só despertam ao meio dia. Minha cama está vazia, sinto saudades do teu ser, do teu cheiro, teu carinho, teu colo, de dormir agarradinhos numa pura inocência e ingenuidade. Depois de noites de intenso amor!... Fecho os olhos e abro os ouvidos...Ouço The four seasons de Vivaldi, querendo me jogar do penhasco, plaino e voo...Salvo pela sinfonia!...No ar tudo é silêncio, mistério e quase segredos...Sou movido a espelhos que refletem à luz do dia e a escuridão noturna. Sou formiga saúva e borboleta voando ao vento, num lamento ensurdecedor...Deixo o pólen e nasce flor, a flor mais bela do cerrado e me curvo diante das borboletas e beija-flores...Sigo em romaria a procissão dos poetas que de joelhos sobem escadarias para deixar versos e palavras ao infinito...Os céus ficam azuis...Nasce flor de repente em louvor aos deuses da inspiração e num movimento leve de braços pouso em chão de estrelas, durmo em nuvens de algodão e sinto o coração saindo pela boca da inspiração. Viajo em carruagem de fogo, pinto paredes feito pedreiro e em telas, penugens de Cacatua e penas do Tiê, corro entre arvoredos e pelas frestas te vejo nua, molhada pela chuva do luar e por instantes morro.
Tony Bahi@.