NEGRO CÂNTICO
(Sócrates Di Lima)
Amanheci nos braços da saudade,
Contratempos divergentes tentam me pegar.,
Pensamentos vagantes por infantilidade,
DE quem pensa que parti para não voltar.
Reli meus pensamentos convergentes,
Revi minhas Estórias que me fizeram pensar.,
Vi que a poesia e prosas são permanentes,
Como fonte jorrando sem parar.
Posso escrever o que quero,
E quero escrever o que posso.,
Uma lição de vida eu espero,
Encontrar na minha alma por isto me esforço.
E se há a necessidade de combates,
Entre o pensamento e o agir.,
Ambos se prostram em embates,
Porém, o bem sempre é o bom que está por vir.
E, por tudo que já passei,
Vejo o quanto é impróprio algum pensar,
Quem por traz da inveja, eu bem sei,
Tenta com insucesso uma alma apedrejar.
Mas, não pode,
Algo muito superior se faz um manto sagrado,
Protetor, irreverente, forte e que sacode,
Não se deixa levar nem se sente prejudicado.
Ninguém há de me tirar a liberdade,
Nem o direito de ser o que sempre fui.,
Nem mesmo dos braços da saudade,
Que mora na distância que no tempo flui.
Posso até ser incompreendido,
Posso também não compreender.,
Cada qual no momento que lhe é oferecido.
Pois, a vida é tão simples para se viver,
Meu tempo ainda, não acabou,
Minha história ainda, não se findou.,
E quem acha que minha porta se fechou,
Pobre diabo, inutilmente de enganou.
O que direi, pois, aos desprovidos,
Desprendidos da fertilidade do amor.,
Que tem mente travada, males mórbidos escondidos,
Capazes de se submeterem ao ridículo no caminho da dor.
Ah! Que minha poesia não se cale,
Faça minha voz escrita ecoar sem labirinto.,
Que meu silêncio grite e minha vontade se cale,
Pois, não quero sentir, o que hoje sinto.
Amanheci nos braços da saudade,
E com ela a ânsia de degolar minha insensatez.,
Ignorar o que vem de fora e que invade,
O espaço preenchido mais uma vez.
E não basta querer violar o inviolável,
Tem que saber que nem sempre se obtem a glória.,
Quando na trincheira a arma de defesa é imbatível,
E derrotado o inimigo deve fugir sem sua pretensa vitória.
E não adianta usar outro corpo para se esconder,
Nem se esconder na fala que não é sua.,
O lado de cá, a fortaleza tem Deus como Poder,
E faz a investida se perder numa alma pobre e nua.
Que venham os canhões de desprovidas pontarias,
O escudeiro amplia o escudo na retaguarda final.,
E destroça as munições feitas de utopias,
Atirando-as na vala onde o hino da derrota é sepulcral.
E com o poder de fogo instransponível,
Nada me abala, nada me derrota.,
Minha experiência de vida é arma invencível,
Que para o pobre diabo, por cortesia, abro minha porta.
Meu coração queima,
É fogo ardente sem compaixão.,
No meu canto negro minha vontade teima,
E a ferro e fogo preparo minha razão.
E quem não experimentou a dor da derrota,
Então, não se atreva, fique por ai.,
Ou então venha, aberta está a porta,
Para oferecer o fogo letal, pois, o inferno é aqui.
Não se esconda nas vozes de quem está abatido,
Nem na destreza de um desejo satânico,
Pois dos lábios em brasa, chamas de fogo é oferecido,
Na liturgia intempestiva de um negro cântico.